Dentro das ideias sobre experiência que estamos desenvolvendo nessa série de artigos, hoje, vamos ampliar a questão abordada sobre tentativa e erro.
Quando falamos da nossa formação que não tolera que as coisas saiam erradas, não estamos dizendo aqui que as funções e atividades dentro de uma organização não devam ter padrão. Muito pelo contrário. O padrão, o paradigma, portanto, o hábito, é que nos permite a excelência (que é diferente da perfeição; a primeira está pautada em um alto índice de acerto e qualidade; a segunda, por sua vez, em 100% de acerto e qualidade, o que, até onde se sabe, hoje, é impossível). Quanto mais fazemos algo de uma forma, mais habilidade adquirimos. O que ocorre é que o jeito de se fazer alguma coisa pode não ser o único. E normalmente não o é.
Portanto, precisamos ouvir quando alguma pessoa questiona o padrão já estabelecido. Pode não ser o melhor, pode estar obsoleto e, ainda, pode não ser o formato de trabalho que aquela pessoa se sinta bem fazendo. Em tendo outro jeito que chegue ao mesmo resultado pretendido, no menor tempo e custo possível, por que não permitir?
O grande problema é que, para se chegar à conclusão de que aquele formato novo dará resultado, é necessário colocá-lo em prática, testá-lo. Pode dar errado. Então, voltamos ao início: como não podemos errar, não testamos.
Assim, com essa prática, tiramos o sentido humano do trabalho (co-criador, prazeroso), e consolidamos, cada vez mais, a condição de sofrimento (fazer do jeito do outro, obrigação). Não à toa, e na contramão da sistemática empregada na maioria das organizações, Steve Jobs dizia que contratava pessoas inteligentes para elas dizerem o que ele tinha que fazer, e não o inverso. E, infelizmente, esse inverso é o que vemos.
Para completar, fica a mensagem de Tomas Edison, um dos maiores inventores, portanto inovadores, de todos os tempos. Dentre tantas tentativas para criar a lâmpada, ele dizia que não falhou, apenas encontrou dez mil maneiras que não funcionaram. Até que encontrou a correta. E nós, o que estamos tentando? O que nossas organizações estão avançando? Como é o cenário atual efetivo? É só o que você vê, ou há vida além da sua percepção? Quais são as novas possibilidades? Quais efeitos gatilho estão próximos de serem disparados? O que estamos testando para criar? Como nos preparamos para a adaptação ao que já está e ao que virá? Tudo passa pela possiblidade de novas experiências, de testes, de tentativas. Estamos fazendo?