Jantar fora ou encarar o fogão?

Opinião
Guaíra, 5 de dezembro de 2018 - 09h30

Pesquisa aponta que, nas ocasiões especiais, o brasileiro prefere pôr a mão na massa. Além de aflorar os dotes culinários, as confraternizações caseiras têm um potencial muito mais saudável, de acordo com especialistas.

O clima natalino está no ar e já invadiu as cidades de todo o país. A comemoração, de cunho religioso, conquista, até mesmo, os menos devotos e é uma das datas mais importantes do calendário brasileiro. As musicas típicas, decorações cheias de brilhos e receitas especiais são fortes características dessa época, que é seguida pela animada festa de réveillon, para celebrar a chegada do ano novo. O momento é um dos mais oportunos no mercado, pois as vendas impulsionam o comércio, inclusive no setor gastronômico. Mas, ainda assim, na hora de preparar as ceias ou, até mesmo, um jantar especial, os brasileiros estão optando pela boa e velha comida caseira.

Todo o glamour das comemorações e a agitação dos restaurantes mais badalados estão dando lugar às celebrações mais intimistas, preparadas em casa. Quem sai ganhando com essa nova tendência é o ramo alimentício, que intensifica as vendas dos produtos sazonais, mas, de acordo com especialistas, quem também acumula muitas vantagens com este hábito é a saúde. Além disso, a prática ainda pode fazer muito bem ao bolso, já que os custos para preparar a própria ceia costuma ser mais reduzido, em comparação com os preços de alimentos prontos ou restaurantes especializados.

Preparo caseiro se destaca entre os brasileiros

De acordo com a pesquisa “Hábitos Alimentares do Brasileiro – preferências, dietas e tendências de consumo”, que contou com 1.021 participantes de diversas regiões do país na edição de 2018, quando se trata de uma ocasião especial, seja uma comemoração romântica, um jantar de bodas ou, até mesmo, as festas de final de ano, mais de 80% dos entrevistados prefere preparar as receitas típicas e mais elaboradas em casa. Isso mesmo, nada de ceias prontas ou restaurantes glamourosos, a maioria escolhe colocar a mão na massa, seja para receber os convidados em um local familiar e aconchegante ou, até mesmo, para pôr em prática e demonstrar seus dotes culinários.

Ainda segundo o levantamento exclusivo, realizado pela Banca do Ramon, um dos empórios mais tradicionais do Mercado Municipal de São Paulo, cerca de 14% prefere jantar fora, seja para aproveitar a oportunidade de conhecer bons restaurantes, seja pela praticidade ou, até mesmo pela falta de talento com as panelas. Por outro lado, 3% dos entrevistados ainda preferem comprar algo pronto para servir em casa, pois não sabem cozinhar ou não dispõem de tempo. E apenas 1% decide contratar um profissional para preparar o jantar especial na residência.

Home Food

Essa tendência, de “comer em casa”, chegou no país após a virada do século e começou de forma tímida, mas ganhou destaque acelerado devido aos percalços da economia brasileira. Diante da crise e da necessidade de economizar, muitas pessoas se renderam ao hábito de cozinhar para não deixar passar “em branco” as ocasiões especiais. Além disso, a gastronomia nunca esteve tão em evidência como nos últimos tempos. Prova disso são os programas de receitas e realities shows culinários que conquistaram uma enorme audiência e fazem cada vez mais sucesso na televisão e na internet.

As pessoas estão deixando os buffets e restaurantes de lado para encarar o fogão na hora de preparar a mesa farta das ceias. Motivo de comemoração para o comércio varejista, afinal, a prática favorece as vendas e impulsiona, principalmente, o setor alimentício. Para se ter ideia, de acordo com o estudo feito pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a projeção calculada para o Natal deste ano soma um aumento de 2,8% nas vendas em comparação com o mesmo período do ano passado. O que representa uma movimentação R$34,5 bilhões e que possibilita, inclusive, que os varejistas possam oferecer uma cesta total de produtos com preços mais atrativos para os consumidores.

Mas não para por aí, além do bolso, as vantagens também se estendem à saúde. De acordo com a nutricionista Juliana Tomandl, preparar uma refeição caseira soma diversos beneficio à dieta e ao organismo das pessoas: “Preparar o jantar especial ou, até mesmo, uma ceia inteira em casa é potencialmente mais benéfico, tudo vai depender das escolhas feitas, mas, em geral, é de longe a melhor escolha em comparação com as refeições prontas ou industrializadas” – afirma a consultora da Banca do Ramon.

A saúde agradece

De acordo com a especialista, o que faz toda a diferença nesse hábito que se expandiu entre os consumidores brasileiros, é ter o total controle sobre a qualidade e procedência dos ingredientes escolhidos. Além disso, também há fatores relevantes como a higienização, armazenamento e quantidades de industrializados utilizados no preparo. Segundo a nutricionista os temperos prontos, por exemplo, podem ser descartados nas receitas caseiras: “Dessa forma a quantidade de sódio e gorduras trans diminuem e itens como glutamato monossódico, glucose de milho e outros aditivos químicos que poderiam prejudicar a qualidade do prato já são evitados”

Além disso, Tomandl afirma que o simples fato de preferir os temperos naturais já enriquece o cardápio, aumentando o número de nutrientes, isso sem falar que o sabor e aroma ficam ainda mais intensos e contribuem para o sucesso do prato. “Outro fator importante é que, ao contrário daqueles que optam por alimentos congelados ou prontos previamente, que já começaram a perder vitaminas e minerais, quem decide pelo preparo caseiro, certamente, dispõe de ingredientes frescos e, do ponto de vista nutricional, quanto mais fresco melhor, pois o maior número de nutrientes são conservados” – explica a especialista.

Atenção à qualidade

Encarar as panelas para preparar refeições especiais também requer escolhas inteligentes. Para quem preza pela saúde, é possível montar um menu mais saudável, com proteínas como protagonistas e carboidratos e gorduras reduzidos. Isso favorece, inclusive, aqueles que estão de dieta e não querem perder a linha com as festas de fim de ano. Além disso, o corpo também agradece, já que as temperaturas quentes do verão no Brasil pedem refeições mais leves e balanceadas para manter o organismo trabalhando no ritmo certo.

“E não será preciso travar a difícil batalha de ter que resistir a todas as tentações oferecidas nos vastos buffets dos restaurantes, pois até as sobremesas podem ganhar versões mais seguras para a saúde e com muito menos açúcar ou conservantes” – afirma Tomandl. Tudo isso a um custo muito menor, pois muitos consumidores aproveitam a Black Friday para antecipar as compras e garantir itens como bebidas, presentes, decoração e alimentos não perecíveis. Mas vale ressaltar que, nesses casos, é preciso mais atenção: “Ingredientes perecíveis devem ficar de fora dessa lista para não colocar a saúde em risco. Já em relação aos não perecíveis é preciso lembrar que esses ingredientes também têm um tempo limite de conservação, por isso é importante observar o prazo de validade” – alerta a especialista.

Fonte: Banca do Ramon


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