Muito mais que uma questão de identidade

Opinião
Guaíra, 30 de junho de 2019 - 08h30

Olá, muito prazer, meu nome é Maria Helena de Carvalho Mandú; tenho 43 anos, três filhos: Claudio (24 anos), Camila (22 anos) e Fernanda (20 anos), tenho também três netos Kauany, Júlia e Pietro.

Fui casada com o pai dos meus filhos por 10 anos; foi um relacionamento conturbado e desgastante em todos os sentidos, pois nos acompanhavam dois grandes problemas que afligem muitas famílias: Alcoolismo e Violência Doméstica.

Resolvi em 2004 procurar meu caminho e viver da melhor forma possível, trabalhando, cuidando dos meus filhos que ainda eram pequenos naquela ocasião e principalmente tendo paz em casa.

Em 2007 conheci uma pessoa muito especial, que se mostrou muito mais que uma amiga, pois me apoiava e fortalecia em todas as minhas necessidades, desejos e anseios; o nome dela é Silmara dos Santos Mandú.

Com alguma relutância de minha parte, iniciamos um relacionamento homoafetivo e desde então estamos juntas.

Ao longo desses 12 anos de convivência, passamos por muitas coisas juntas, desde as alegrias até os momentos mais difíceis, sempre com muito amor, carinho e compreensão mútua. Os nossos problemas sejam financeiros ou emocionais, são nossos e somente nossos e resolvemos juntas, sem a necessidade de brigas ou discussões… Nas questões familiares com as crianças, essas também nunca foram motivo para desavenças e sim para reflexão e união para solucionar da melhor forma possível.

Contei toda essa trajetória para falar sobre o dia 28 de junho que se comemorou o ”Dia do Orgulho LGBTQIA+” e dizer a todos os leitores, explicar com as minhas palavras, quais os ”meus” motivos para ter orgulho de hoje fazer parte dessa comunidade… então vamos lá.

Tenho orgulho em poder ser eu mesma, sem medo do que os outros pensam ou vão pensar, por ser casada com uma mulher, e sim, somos casadas no papel, fato esse que ocorreu no começo desse ano.

Tenho orgulho em ser uma pessoa íntegra e de caráter, pois orientação sexual não define quem sou, trata-se somente de um detalhe que não cabe discussão ou argumentação daqueles que não conhecem a nossa realidade, pois seria como discutir ou questionar os motivos que levam uma mulher a pintar as unhas de vermelho, por exemplo.

Tenho orgulho de acordar todos os dias ao lado de uma pessoa que me entende e me completa em todos os sentidos e me conhece tão bem a ponto de completar as frases que eu iniciar… e tantos outros motivos que poderia aqui escrever não um jornal inteiro, mas sim, um livro a esse respeito.

E o respeito? Se eu exijo respeito? Como diz aquele velho jargão: ”Respeito não se exige, se conquista” e assim tem sido.

Perguntas esdruxulas e piadinhas de mau gosto? Dos amigos, familiares e conhecidos… nunca ouvi… de outras pessoas? Sim, algumas vezes, mas não são pessoas que fazem parte do meu dia a dia ou que mereçam a minha consideração, então simplesmente viro as costas e abstraio.

Então aqui deixo a minha mensagem sobre essa data e sobre julgamentos: Julgar é sempre muito fácil, mas ninguém nunca sabe todos os fatos e sentimentos envolvidos em determinadas situações.

Sendo assim, que cada um de nós possa viver aquilo que nos faz feliz da melhor e mais intensa forma possível e que possamos nos orgulhar disso. Viva o LGBTQIA+.


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