Pequenos empresários seguem com dificuldades de acesso ao crédito

Exigências bancárias são as maiores queixas dos micros e pequenos empresários diante da necessidade de empréstimo

Cidade
Guaíra, 25 de julho de 2021 - 08h31

A burocracia e as altas exigências dos bancos ainda são apontadas pelos micros e pequenos empresários como entraves significativos para acesso ao crédito nas instituições financeiras. 32% dos donos de pequenos negócios, que buscaram empréstimos nos bancos do país, em maio deste ano, não tiveram respostas positivas. 

O dado, levantado pelo Sebrae e FGV, é menor em comparação a quantidade de empresários frustrados com as exigências bancárias em abril, quando as imposições foram condenadas por quase 50% dos empreendedores que buscaram empréstimos. “Temos constatado de um ano para cá que os empresários ainda consideram os bancos muito exigentes para emprestar dinheiro e, por isso, é tão importante o desenvolvimento de políticas públicas que facilitem o uso de garantias”, alerta Carlos Melles, presidente do Sebrae. 

Confiança

O aumento de linhas de crédito é importante para elevar a confiança do MPE para o crescimento dos negócios nos próximos meses e a boa expectativa já é percebida. Em maio, o índice que mede a confiança dos pequenos empresários, o IC-MPE, nos setores de Serviços, Comércio e Indústria, subiu 5,4 pontos e ultrapassou 93,5 pontos, o melhor resultado desde 2020. 

De acordo com análise da Sondagem Econômica da MPE, realizada pelo Sebrae, o aumento do ritmo da vacinação contra a Covid-19, a extensão do auxílio emergencial e a MP do BEm contribuem para a recuperação dos setores econômicos. Além disso, a expectativa de crescimento do PIB brasileiro, estimada entre 4% e 5%, também está sendo capaz de melhorar o ‘humor’ dos empresários. 

“A indústria está se recuperando. Ela teve um ano difícil em 2020 e agora ela vem se recuperando. E isso tem a ver com o crédito? Sim, mas não só isso. Você tem a própria melhora do cenário da pandemia, do cenário sanitário, que induz a esse crescimento. Isso tudo tem contribuído para que a indústria possa apresentar melhor desempenho nesse restante de ano”, acredita Benito Salomão, especialista em Economia e doutorando da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). 

Créditos

Desde que o governo federal anunciou a segunda rodada do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), em 5 de julho, a corrida pelos créditos tem aumentado. Até a última terça-feira (20), quase a metade dos recursos reservados para a iniciativa já havia sido comprometida. Isso significa que, do orçamento total a ser disponibilizado – R$ 25 bilhões -, pouco mais de R$ 11,3 bilhões já tinham sido concedidos a pequenas empresas e microempresários, em cerca de 150 operações realizadas pelos bancos.

O Ministério da Economia não informou se o governo estuda um maior aporte para o programa. Enquanto isso, instituições como o Sebrae apontam que, para contemplar a demanda, seria necessária uma linha de crédito de cerca de R$ 200 bilhões.

No cenário brasileiro, as micro e pequenas empresas representam 30% do Produto Interno Bruto (PIB) e 50% do total de empregos formais. Essa área atualmente corresponde a mais de 90% das empresas formais, e também é responsável por mais da metade da massa salarial. “Costumo afirmar, de forma um pouco provocativa, que a economia brasileira é de pequenos negócios. Funcionando, esse setor leva a economia para frente”, avalia Giovanni Beviláqua, doutor em Economia pela Universidade de Brasília (UnB) e analista técnico da Unidade de Capitalização e Serviços Financeiros do Sebrae Nacional.

“Com o programa (Pronampe) permanente, isso dá uma maior previsibilidade para as instituições financeiras de que haverá uma instância garantidora da operação. Isso tende a reduzir os níveis de riscos e permitir um maior acesso ao crédito para os pequenos negócios”, explica Beviláqua. “A transformação do Pronampe em programa de Estado foi, sem dúvida, a melhor política de crédito para os pequenos negócios da nossa história.”

Em 2020, o Pronampe liberou mais de R$ 37 bilhões em recursos, dos quais R$ 8,7 bilhões para microempresas e R$ 28,7 bilhões para pequenas empresas, em mais de 500 mil operações.

O prazo de carência, ou seja, de quando a empresa começará a pagar o empréstimo, subiu de oito para 11 meses e o financiamento pode ser parcelado em até 48 meses. 

Até agora, na rodada de 2021, o governo federal aportou R$ 5 bilhões no programa, o que permite uma alavancagem de até cinco vezes dos recursos, que servem de garantia para as operações de crédito. Isso significa que a cada real colocado no FGO é possível emprestar até cinco no âmbito do Pronampe. Ou seja, até R$ 25 bilhões são garantidos por esses R$ 5 bilhões que foram aportados inicialmente.

Giovanni, do Sebrae, lembra que pelo menos 50% dos pequenos negócios foram buscar crédito, mas somente uma parte conseguiu. Por essa razão, a instituição estima uma necessidade de R$ 150 bilhões a R$ 200 bilhões em crédito, que é a média de concessão dos últimos anos.

 


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