Pesquisa desenvolve vacina contra doença pulmonar suína

Agro
Guaíra, 1 de outubro de 2017 - 09h59

Nos últimos anos, quadros graves de pneumonia por PmA vêm sendo observados, causando perdas severas em diversas criações

A proposta de formulação de uma vacina contra a Pasteurella multocida sorotipo A (PmA), importante agente de doença clínica e de condenação de carcaças de suínos nos frigoríficos por lesões pulmonares, está pronta e aguarda uma parceria para finalizar o desenvolvimento para o mercado.

Durante três anos, pesquisadores da Embrapa Suínos e Aves estudaram o problema de doença respiratória em suínos associada a PmA no campo, isolaram e testaram experimentalmente a agressividade de diversas cepas da PmA, identificaram cepas da bactéria potenciais candidatas ao desenvolvimento da vacina e testaram em suínos um protótipo de vacina para a prevenção da doença. Os resultados, de acordo com a equipe, foram promissores. Agora, um edital para estabelecer parceria no co-desenvolvimento e comercialização do produto já está em processo de finalização e deverá ser publicado em breve. O objetivo do edital é selecionar uma empresa especializada e firmar parceria na fase final de desenvolvimento e produção dessa vacina de uso veterinário.

O estudo da Embrapa levou em consideração a importância da PmA em quadros patológicos de pneumonia e pleurite/pericardite em suínos, doenças pulmonares que oferecem um prejuízo considerável à cadeia produtiva. “Os impactos incluem gastos com medicamentos, redução no desenvolvimento dos animais, aumento da mortalidade na fase de terminação dos suínos e aumento das condenações no abate, o que afeta diretamente a cadeia produtiva, seja na granja ou no frigorífico”, comenta o pesquisador da Embrapa Nelson Morés, líder do projeto que desenvolveu a vacina. Um trabalho executado pela equipe sobre o impacto econômico das pleurites/pericardites em suínos num abatedouro grande estimou um prejuízo para a indústria de R$ 9,85/suíno abatido. “Supondo-se que 50% dessas lesões sejam causadas pela PmA, o prejuízo para o abatedouro seria de R$ 4,92/suíno abatido”, explica o pesquisador.

Nos últimos anos, quadros graves de pneumonia por PmA vêm sendo observados, causando perdas severas em diversas criações de suínos, principalmente nas fases de crescimento e terminação. “Por isso, a importância de propor uma vacina que atinja diretamente o agente”, explica o pesquisador Luizinho Caron, virologista da equipe. Ele esclarece que a grande diversidade de sorotipos e cepa da Pm e a dificuldade no entendimento da patogenicidade limitam o desenvolvimento de vacinas comerciais para pasteurelose pulmonar.

Em função das características atuais dos sistemas de produção, em que os suínos são criados confinados em concentração elevada e, na maioria das vezes, com mistura de leitões de diferentes origens nas fases de creche ou terminação, as enfermidades tornaram-se relevantes para o avanço da produtividade.

Quarto maior produtor mundial

Atualmente, o Brasil é o quarto maior produtor de carne suína no mundo, com produção de 3,73 milhões de toneladas. Nas exportações, ocupa também o quarto lugar, com 732,9 mil toneladas exportadas. “Proteger e cuidar do rebanho contra doenças está entre as prioridades da cadeia produtiva”, comenta o pesquisador. Entre as doenças, as respiratórias, como as pneumonias, têm grande impacto na produção.

Por muito tempo, a Pasteurella multocida foi considerada apenas como agente secundário nas pneumonias em suínos. “Porém, esses estudos conduzidos no Brasil identificaram diferentes isolados de PmA capazes de sozinhos causar doença em suínos”, explica Morés.

O controle das infecções respiratórias causadas pela PmA inclui três principais fatores: o fornecimento de boas condições ambientais e de manejo aos animais, a utilização de antimicrobianos e a vacinação. Atualmente, o controle de Pm em rebanhos de suínos é feito basicamente pelo uso de antimicrobianos na forma de tratamentos preventivos coletivos na ração ou água, ou terapêutico individuais aos animais doentes.

Quanto à vacinação, Nelson Morés explica que há vacina inativada comercial indicada para prevenção da pasteurelose pulmonar, porém, sua efetividade tem sido questionada. “Em condições de campo, veterinários clínicos que atuam na suinocultura brasileira têm obtido resultados insatisfatórios com o uso dessas vacinas. Uma possível explicação para isso é que as amostras contidas nas vacinas sejam diferentes daquelas envolvidas nos quadros clínicos observados nas granjas”, comenta.

O protótipo da vacina desenvolvida pela Embrapa, e que deve ser finalizada na parceria com uma empresa especializada, pretende atuar no foco da doença, ou seja, no controle do agente (PmA). “Nos experimentos, conseguimos respostas imunes satisfatórias e o número de condenações diminuiu”, explicou o pesquisador. Para controle da qualidade da vacina produzida, também foram desenvolvidos métodos para testar a eficácia da vacina em camundongos.

O edital para seleção de uma empresa especializada estará disponível no portal da Embrapa Suínos e Aves. Também estão disponíveis no portal publicações e informações sobre a doença. (Embrapa)

 


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