Prefeitura retorna castrações em meio à polêmica sobre mortes de animais

Geral
Guaíra, 14 de julho de 2016 - 08h09

Segundo ofício da AAAG, podem ter ocorrido irregularidades que causaram a morte de duas cachorras e uma gata, além de dois possíveis procedimentos cirúrgicos em dois felinos.

Após trinta dias de paralisação das castrações gratuitas de cães e gatos oferecidas à comunidade guairense, o prefeito Sérgio de Mello autorizou o retorno das atividades e a empresa voltará a realizar as cirurgias a partir do próximo dia 19 de julho (terça-feira).

O serviço de castração havia sido suspendido no dia 07 de junho a pedido da AAAG (Associação Amigos dos Animais de Guaíra) para averiguação dos serviços prestados pela clínica veterinária licitada.Segundo ofício da ONG, podem ter ocorrido irregularidades que causaram a morte de duas cachorras e uma gata, além de um possível erro na constatação do sexo de um gato, suturado como se fosse uma fêmea, mesmo sendo macho, além de uma evisceração em ferida pós-cirúrgica em outro felino.

Durante a suspensão do serviço, o governo municipal realizou um levantamento de documentos e laudos de ambas partes para averiguações. De acordo com o parecer jurídico da prefeitura, a Clínica declarou que: “Os óbitos ocorreram por fatos imprevisíveis, alheios à vontade deste veterinário, e que é possível ocorrer com qualquer um. Por outro lado, num patamar de mais de oitenta castrações o número de óbitos é demasiadamente pequeno, já que toda cirurgia existe risco, tanto é que os donos ou tutores dos animais assinam termo ciente de sua existência.”

Assim, o chefe do departamento de Meio Ambiente e Bem Estar Animal, Alaor Borges Pinheiro Neto, declarou em comunicado à imprensa que: “muito embora a Prefeitura tenha entendido pela suspensão para apuração dos óbitos, observo que as condições em que estão sendo realizadas as castrações está de acordo com o referido edital do presente certame.”

Alaor disse que os óbitos foram justificados em razão de que não há como saber se os animais possuíam algum problema de saúde antes de serem castrados. “Segundo a contratada não houve relato dos donos dos animais sobre quaisquer problemas com os eles, nem procuraram o gestor do contrato para qualquer reclamação, questionamento ou dúvida. Situações imprevisíveis, quando de uma cirurgia, são possíveis de ocorrerem, ainda mais não se sabendo o histórico do animal, ou qualquer disfunção que o mesmo tenha.”

Como os casos das cirurgias encontram-se em avaliação pela promotoria de Justiça de Guaíra, o chefe do departamento de Meio Ambiente declarou que a qualquer decisão judicial, a prefeitura irá acatar imediatamente. “No presente momento entende-se pelo que existe nos autos, que a justificativa apresentada pela empresa contratada tem fundamento e amparo, razão pela qual decidiu-se pelo acolhimento das mesmas, dando prosseguimento a execução contratual, eis que necessário à coletividade, bem como por proporcionar aos animais bem estar e melhores cuidados”, conclui Alaor.

AAAG não apoia procedimentos da castração

O parecer jurídico da prefeitura não incluiu uma declaração final da Associação Amigos dos Animais de Guaíra.

A ONG foi procurada pela reportagem do Jornal O Guaíra e ressaltou para a comunidade guairense que não está apoiando este retorno das castrações, realizadas pela empresa licitada, “por decorrência dos três óbitos ocorridos nas últimas cirurgias e duas possíveis negligências cirúrgicas, como: um gato do sexo masculino tendo sido operado primeiramente como se fosse fêmea; e outra gata que sofreu ruptura em seu corte por mais de duas vezes, sendo que o proprietário seguiu todas as exigências do veterinário”.

A  AAAG esclarece que soube das ocorrências através dos proprietários dos animais, que buscaram ajuda para o tratamento dos mesmos. Ambos os gatos foram observados por outros profissionais, custeados pela associação, que apresentaram laudos.

“Por entender que pode ter ocorrido negligência durante as cirurgias de castração da prefeitura, a AAAG solicitou que as mesmas fossem suspensas, apresentou a documentação e solicitou reuniões com o chefe do departamento, Alaor Pinheiro, inclusive com a presença do proprietário de um dos animais castrados”, afirma o presidente da entidade, Paulo Cornacione.

A Associação Amigos dos Animais de Guaíra sempre buscou parcerias com a prefeitura para a realização de castrações gratuitas, na tentativa de reduzir o número de animais abandonados na cidade. Desde de 2012, a AAAG acompanha as cirurgias, que resultaram em mais de 2.000 castrações em cães e gatos.

Em 2016, a entidade não concordou com os métodos utilizados pela atual empresa licitada para as cirurgias, pois, segundo a Associação, o pós-operatório não é propício para animais que precisam voltar às ruas, já que as suturas demandam um certo cuidado e há uma receita de medicamentos de um valor não muito acessível.

“Não estamos acompanhando as castrações da prefeitura, não possuímos vínculo algum com o agendamento das cirurgias e não nos responsabilizamos por futuras ocorrências pós-cirúrgicas. Informamos que não poderemos encaminhar animais de rua para essas cirurgias, já que eles não poderão ser soltos novamente com suturas (aproximadamente cinco pontos). Com isso, os números de cães e gatos pelas vias da cidade podem aumentar”, disse o presidente.

“O objetivo maior da castração é reduzir o número de animais errantes na cidade. Porém, a cirurgia oferecida atualmente não condiz com a necessidade desses bichos”, completou.

Apesar de a AAAG não receber verba alguma do governo, continua buscando meios para custear tratamentos de cães e gatos abandonados como uma maneira de reduzir o número de animais errantes na cidade, como os cofrinhos espalhados pelo centro comercial, brechós, shows de prêmios, rifas, entre outros.



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