Provedoria realiza coletiva de imprensa e apresenta balancete da Santa Casa

Provedor, ao lado de sua diretoria, explicou a situação do hospital de Guaíra e elencou os problemas enfrentados em consequência de uma dívida de R$ 6 milhões deixada por gestões anteriores

Cidade
Guaíra, 4 de março de 2018 - 12h41

Na tarde da última sexta-feira (02), a provedoria da Santa Casa de Misericórdia de Guaíra realizou uma coletiva de imprensa para apresentar a real situação da entidade e o balancete detalhado dos últimos sete meses, desde julho de 2017, momento em que a nova equipe assumiu.

Ao lado de sua diretoria, o provedor Jonas Lellis mostrou que além da dívida passiva de R$ 6 milhões deixada por gestões anteriores, como a equipe de intervenção do ex-prefeito Sérgio de Mello, o hospital possui um déficit mensal de quase R$ 150 mil reais, o que prejudica o andamento dos serviços, o pagamento de fornecedores, de salários e a manutenção do prédio.

“A função de investigar os responsáveis pela situação do hospital deixamos para o Ministério Público. Agora, estamos apresentando o que é o nosso trabalho. A partir de agora, vamos repassar, a cada três meses, o balancete da Santa Casa para todos e mostrar o que está sendo feito”, afirmou.

“Precisamos enxugar os gastos, senão o hospital fecha. O promotor foi categórico que a Santa Casa será fechada se a situação não for resolvida. Por isso estamos reduzindo salários e funcionários. Lembrando que reduzimos salários, mas pagamos impostos, inclusive os deixados pela gestão anterior”, explicou a provedoria, ressaltando o esforço dos funcionários e o quanto são humanitários e mantêm o bom atendimento aos pacientes.

Os números foram mostrados e a equipe confirmou que há uma despesa mensal de aproximadamente R$ 1 milhão, apresentando receitas e despesas, dentre elas, pagamentos de dívidas e impostos deixados pela antiga diretoria (confira tabelas).

Na tentativa de encontrar auxílio para comandar da melhor maneira possível a Santa Casa, a provedoria chegou a se encontrar com advogados e com Henrique Prata, do Hospital de Câncer de Barretos, que têm lhe auxiliado em diversas questões. Agora, pretende se reunir com a Câmara Municipal. “Precisamos de união. Vamos buscar respostas e boas ideias que possam colaborar com a entidade”, enfatizou.

PRESTAÇÃO DE CONTAS

O provedor apresentou os atuais números de atendimento da Santa Casa de Misericórdia, por onde passam, diariamente, 400 pessoas, atendidas por 114 funcionários e 20 profissionais da medicina.

Desde julho de 2017, a equipe melhorou sua contabilidade, aumentou o número de doações pela campanha do DEAGUA, recebeu doações e realizou alguns eventos beneficentes para arrecadar fundos. “Temos uma moto para rifar, a que rifamos no final do ano e a recebemos novamente. Temos outra moto, doada pelo jantar do Asilo/APAE, feito pela Aplitec, e pretendemos realizar um show de prêmios e também estamos com 40 cabeças de gado e dois bezerros que serão leiloados no nosso evento de 7 de abril. Aliás, peço para que as pessoas doem o que quiserem para o Leilão e participem, que a comunidade toda participe”, apontou Jonas.

Além disso, no final de 2017, a provedoria fez um empréstimo com o banco Caixa Econômica Federal, no valor de R$ 1.4 milhão para pagar uma dívida com o Bradesco, de R$ 800 mil, e R$ 600 mil de fornecedores, ambos deixados pela antiga gestão. “Estamos pagando agora algo em torno de R$ 101 mil ao mês de dívida que não é nossa, que foi deixada por outras diretorias”, exibiu a equipe, enfatizando que ainda há R$ 280 mil de déficit com um fornecedor de oxigênio, que continua prestando serviços para a instituição.

7 MILHÕES

A equipe também corrigiu as declarações do prefeito José Eduardo, mostrando no balancete os valores repassados pela prefeitura no ano passado (AIHS Faturamento SUS, IAC Federal, IAC Municipal, Prefeitura Pronto Socorro e Prefeitura Subvenção), o que realmente foi para a Santa Casa e o que foi para o pagamento do Pronto Socorro, Ambulatório e outros do poder público.

Jonas evidenciou que não foram R$ 7 milhões para a Santa Casa e a provedoria provou que, dos valores entregues pelo governo municipal, há inclusive repasses do governo federal, como as AIHS Faturamento SUS (confira na tabela de receitas). “Se realmente R$ 7 milhões tivessem vindo para o hospital, a Santa Casa já tinha resolvido sua situação”, complementou Lellis.

O PERDA DOS R$ 200 MIL

A diretoria explicou o motivo de ter perdido a verba parlamentar do deputado estadual Roberto Engler, no valor de R$ 200 mil e lamentou a falta deste dinheiro neste momento de aperto para o hospital.

Porém, o departamento financeiro conseguiu corrigir e adequou a Certidão Negativa da Santa Casa, que já está apta novamente para receber repasses e verbas de deputados. Assim, como há mais de R$ 46 mil em equipamentos que precisam de reparos urgentes (ou troca) e mais de R$ 16 mil urgentes, os diretores sugeriram que isso pode ser conquistado junto aos deputados aliados dos vereadores municipais.

MÉDICOS

A Santa Casa de Misericórdia declarou que o impasse com os profissionais da medicina está resolvido, mas ainda há questões a serem resolvidas, como o caso de haver apenas um anestesista e um cirurgião, o que é perigoso e injusto com os médicos, que assumem o plantão à distância durante todo o mês.

Os atendimentos da pediatria também estão acordados, mas, a provedoria ainda precisa definir quais serão os pediatras para o plantão. Caso não seja solucionado, o secretário de saúde, Jorge Uatanabe, que estava participando da coletiva de imprensa, avisou que a secretaria e a provedoria decidirão pela terceirização. Com a vinda de uma Organização Social, serão oferecidos médicos de todas as especialidades e a OS ficará responsável pela contratação e prestação dos seus serviços.

POSSÍVEIS SOLUÇÕES

Apesar de estarem insatisfeitos, os diretorias fizeram uma reunião e optaram por aceitar a proposta do prefeito José Eduardo de vender o prédio do Pronto Socorro para a prefeitura – atualmente o governo paga aluguel. “Ainda estamos pensando no valor, mas será algo em torno de R$ 3 milhões, que serão divididos, o que ajudará a sanar uma parte da dívida passiva da Santa Casa”, disseram.

Outra possível solução para acabar com esse déficit, seria o recebimento dos R$ 3 milhões que o DEAGUA precisa devolver para a população guairense. Como o assunto foi levantado pela própria comunidade, a provedoria comentou que, mesmo que fosse parcelado, o valor ajudaria na situação do hospital. “Não sabemos a legalidade disso e se toda a população é favor, mas conversaremos com a Câmara Municipal para encontrar respostas.”

As doações através das contas de água também são muito relevantes para o financeiro da Santa Casa. “Se tivermos a colaboração dos guairenses, que seja R$ 10 descontado em suas contas de água, já ajudaria para acabar com o déficit mensal da instituição”, expôs a provedoria, que também elencou os benefícios com as restituições do Imposto de Renda da população trariam.

MUTIRÃO DE CIRURGIA VASCULAR

Por fim, a provedoria apresentou uma grande novidade, que beneficiará a população guairense. No próximo mês, uma equipe de médicos e cirurgiões do Rio de Janeiro, liderada por um profissional que nasceu em Guaíra, estará na Santa Casa e oferecerá, gratuitamente, um Mutirão de cirurgias vasculares para a comunidade, visando atender aquelas pessoas que estão em situação mais preocupante, mas também auxiliando aquelas dispensáveis de cirurgia. Maiores informações serão divulgadas nas próximas edições do Jornal O Guaíra.


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