Arrendatários, uma trajetória de vencedores

Geral
Guaíra, 18 de novembro de 2019 - 15h12

O Senhor Aparecido de Souza era um homem sereno, de estatura alta, desses que falava pouco, mas sempre comprometido com o trabalho de forma séria e honesta. Nasceu em meio aos cafezais na região de Franca, lugar onde, já na sua fase adulta, trabalhou como meeiro na produção de café.

Levava uma vida difícil, com todos os embaraços da época. Casou-se e teve cinco filhos, três homens e duas mulheres. Ao seu primogênito deu o nome de Ângelo, o qual  se tornou seu companheiro de vida e de labuta por muito tempo.

Em 1962, partiu com a família para Ipuã (SP), onde foi trabalhar como meeiro na Fazenda Espraiado, propriedade da família dos Marcussi. Depois de Ipuã, teve uma rápida passagem por Orlândia (SP), quando mudou-se, em 1968, para Guaíra (SP), indo trabalhar ainda como meeiro na Fazenda Limoeiro, também de propriedade dos Marcussi. Nessa época, o seu filho Ângelo possuía apenas 14 anos de idade.

Trabalharam muito enfrentando as asperezas e dificuldades próprias do campo, quando, em 1974, passaram para a condição de arrendatários conduzindo 20 alqueires de lavoura na Fazenda Realeza. A partir de então não pararam mais, atuando de forma árdua, crescendo de forma lenta, mas com os ”pés no chão”. E, assim, com o fruto desse trabalho, adquiriram a sua primeira propriedade, comprando 16 alqueires de terra no município de Morro Agudo (SP).


  • Ângelo de Souza

Hoje, Ângelo de Souza, carinhosamente conhecido como ”Nego”, com os irmãos Antonio Donizeti de Souza – tratado pelos amigos como ”Binga” – e José Reis de Souza – carinhosamente conhecido como ”Ratão” – estão entre os maiores produtores de soja, milho, feijão e tomate nos municípios de Guaíra, Miguelópolis e Morrinhos.

Esse é um breve relato de uma trajetória vitoriosa do Senhor Aparecido de Souza que, em companhia dos seus três filhos, conquistou o que popularmente conhecemos como ”vencer na vida”, graças a muito trabalho, fé e perseverança.


  • Geraldo, Antonio e Romualdo Ortigoso

Assim como a família Souza, temos também muitas outras trajetórias triunfantes, como a dos irmãos Geraldo, Antonio e Romualdo Ortigoso. Três irmãos que, humildemente, foram de Ipuã a Guaíra para conduzir apenas sete alqueires de lavoura na Fazenda Boa Sorte. Tudo começou com o patriarca da família, José Maria Ortigoso, espanhol de nascimento, que chegou ao município ipuanense com apenas sete anos de idade e, ainda criança, ajudava a família trabalhando na cultura do café. Cresceu e se casou com Generosa Ananias e com ela teve sete filhos: Maurício, Manoela, Deonilda, Pedro, Geraldo, Romualdo e Toninho. Os três últimos mantiveram, por muitos anos, uma sociedade e chegaram a possuir 450 alqueires de terras próprias, além de arrendar outros 450 alqueires, se colocando dessa forma entre os maiores produtores de soja de Guaíra. Vale lembrar que foram os primeiros a instalar um equipamento de pivô central, no ano de 1994, em terra de terceiros, mais especificamente na Fazenda Balsamina.


  • Luiz Carlos da Costa

Trajetórias semelhantes e vitoriosas como essas também podemos atribuir a Luiz Carlos da Costa e aos irmãos Barrachi, Vagner, Walmir, Devair e Valdir (em memória). Luiz Carlos da Costa começou ajudando seu pai, Alexandre Belarmino da Costa, que produzia algodão na condição de meeiro na João Pedro. Perdeu o pai quando tinha 23 anos de idade. Mesmo assim, continuou na atividade arrendando 26 alqueires para produzir algodão. Hoje, Luiz Carlos conduz aproximadamente 300 alqueires irrigados.


  • José Barrachi e seus dois filhos

O patriarca da família Barrachi, José Barrachi, era natural de Ituverava e iniciou na atividade como meeiro na produção de café e algodão. Hoje, seus filhos conduzem aproximadamente 180 alqueires irrigados distribuídos em 12 aparelhos de pivô central. De meeiros passaram para a condição de proprietários e possuem, atualmente, 190 alqueires de terra própria.

Esses três casos são exemplos de produtores que iniciaram na atividade como meeiros ou conduzindo pequenas áreas próprias, mas, que de forma humilde, trabalhando de sol a sol e carregando consigo a força para prosperar, se tornaram grandes produtores rurais contribuindo de forma generosa para o desenvolvimento da cidade de Guaíra.

Os saudosos Fausto Ficher e Antonio Ficher também desempenharam importante papel no desenvolvimento do município de Guaíra e, da mesma forma, iniciaram na atividade como meeiros, mas que com muita perseverança e trabalho, e contando com a ajuda dos filhos, se tornaram proprietários de terra.


  • Mário Sérgio Silvério

Em um passado mais recente, não podemos esquecer-nos de narrar a incrível história escrita pelos produtores Mário Sérgio Silvério e pelo seu cunhado Luiz Antonio Sanches. Antes de se casar, Mário Sérgio trabalhava com seu pai arrendando pequenas áreas, onde plantavam arroz e milho. Logo após o casamento com a irmã de Luiz Antonio, passou a necessitar de uma renda fixa mensal. Em função disso, foi trabalhar como apontador na Usina Guaíra sendo, em pouco tempo, promovido para encarregado no setor de transportes, permanecendo no emprego por 14 anos.

Após a morte de seu sogro, em 1997, pediu demissão da usina para arrendar, em sociedade com o seu cunhado, 37 alqueires de terra de propriedade da família da esposa. Pagando renda alta e trabalhando com seriedade, foram crescendo de forma vertiginosa e, já no quarto ano de atividade, arrendavam 187 alqueires de terra.

Em 2008, se tornaram agricultores irrigantes arrendando um pivô central de 18 alqueires. No ano seguinte, montaram o primeiro pivô central em área própria, um pequeno aparelho que não dava um giro completo, irrigando apenas 6 alqueires.

Hoje, Mário Sérgio, em sociedade com seu cunhado Luiz Antonio, e já contando com o apoio dos filhos, possui 15 aparelhos de pivô, os quais irrigam aproximadamente 250 alqueires de terra, se colocando entre os maiores irrigantes da região de Guaíra.

Até aqui, o que foi narrado são histórias verdadeiras, trajetórias de sucesso e êxito que só são alcançadas quando possuímos fé, perseverança, dedicação, seriedade, mas, acima de tudo, com muito trabalho e esperança. São verdadeiros guerreiros vencedores, que com certeza encontraram muitos percalços pelo caminho, mas que, possuindo muita sabedoria e humildade, souberam contornar as dificuldades e, assim, puderam sentir na pele um dos mais belos sentimentos: Que é o resultado que se consegue depois de uma longa caminhada de trabalho.

Texto por Carlos Eduardo Braghim, que é consultor técnico agronômico.



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