Colunista

Era digital: facilidade a um passo do descontrole

É indiscutível a relevância que a internet ganhou, não somente nas grandes empresas em virtude de estarem atualizadas em relação ao seu ramo, mas principalmente na vida das pessoas e em seus lares. A internet nasceu em meio a Guerra Fria no ano de 1969 nos Estados Unidos e o objetivo primeiro era exclusivamente interligar laboratórios de pesquisa, sendo utilizada como maneira de assegurar a comunicação entre militares e cientistas, uma forma de ter uma comunicação que não fosse vulnerável no caso de ataques nucleares. 

Hoje, ela une todo o mundo através de novas formas de comunicação instantânea, facilitando e revolucionando as relações mais distantes. Contudo, é preciso questionar: Será que precisa existir um limite? Qual o perigo do que se compartilha e consome diariamente na internet?

No Brasil, a internet teve seu destaque inicial em 1989 e desde então tudo tem se transformado, não parando de surgir novidades. Sua importância é indiscutível, ainda mais em uma época em que tudo está se tornando digital, inclusive a exposição de vidas que as pessoas fazem. Muitos usam essa ferramenta como meio de trabalho, enquanto outros são telespectadores, abrangendo bilhões de pessoas ao redor do globo. Tudo é muito simples, basta ter um celular na mão e coragem de expor sua vida. O que acaba trazendo pontos negativos é o uso supérfluo que muitos têm feito. 

É de conhecimento público que muitas pessoas passam a maior parte do seu tempo conectadas às redes e tantas outras comparando sua vida com aquela que é exposta. Em tempo de pandemia houve um aumento significativo. Afinal, para muitos a internet se tornou um refúgio. 

O perigo está nas horas dedicadas a isso, se tornando quase um vício que acarreta em problemas como o transtorno de dependência da internet (uso abusivo desta ferramenta). Isso se dá pela falta de controle. A pessoa se torna compulsiva e pode gerar outras doenças como: depressão, TOC (transtorno obsessivo-compulsivo), ansiedade, baixa autoestima, etc. 

134 milhões de usuários no país (74% da população) têm 10 anos ou mais, sem levar em consideração as crianças que vivem ligadas hoje. É sabido que muitas crianças têm passado boa parte do seu dia – senão todo ele – assistindo, jogando ou simplesmente “navegando”. Um estudo que averigua o uso de tecnologias de informação no Brasil, mostrou que para muitos pais pode ser uma tranquilidade ver seus filhos quietos e aparentemente seguros ao se conectar à rede. Mas eles devem estar preocupados com que tipo de conteúdo seus filhos estão consumindo e a quantidade de horas utilizadas nesse passatempo.

Outro ponto a destacar é que existem muitas pessoas que criam perfis para ter uma vida paralela à realidade, se esforçam para parecerem felizes, enquanto por trás dos textos, fotos e vídeos existe alguém que busca aceitação, se encaixar nos padrões estabelecidos. Está tão vivo na mente das pessoas que muitos vivem em busca do corpo perfeito, da vida perfeita que outros parecem ter. A verdade é que ninguém sabe o que o outro sente e é de verdade. Dessa forma, idealizam um estilo de vida que não há problemas e se tornam pessoas tristes, que diariamente buscam por algo inovador, navegam sem nem saber o que estão fazendo na realidade, se esforçam e chegam a copiar determinados comportamentos de seus ídolos/influencers e se frustram ao saber que não funciona, pois são metas muitas vezes inatingíveis.

Um caso recente é o de Mayra Cardi, famosa por ter ajudado celebridades a perderem peso (considerada coach nutricional). Ela revelou que ficou 7 dias de jejum e afirmou que foi mágico. Causou polêmica e ficou como um dos assuntos mais comentados no Twitter. Enquanto alguns seguidores fizeram comentários negativos, sempre existem aqueles que admiram. Por ser famosa e ter o corpo considerado padrão, pessoas se deixam influenciar e acabam por acatar seu comportamento – muitas vezes irresponsável.

Levando-se em consideração os fatos mencionados, pode-se concluir que o mundo virtual aproximou as pessoas distantes, mas infelizmente tem afastado as pessoas de si mesmas, deixando suas ideias e prioridades para acatar as ideias de terceiros.

Segundo Albert Einstein, “se tornou aparentemente óbvio que nossa tecnologia excedeu nossa humanidade”. É indubitável o quão importante é essa ferramenta em nosso dia-a-dia, até porque é necessária. Mas essa liberdade móvel trouxe o afastamento humano, não só das pessoas com as outras, mas consigo mesmas, principalmente as crianças e adolescentes.

Cada pessoa é única e suas diferenças as tornam assim. Isso não deveria torná-las infelizes por não ter uma vida como a da pessoa que acompanha nas redes sociais. Não deveriam inventar vidas para se sentirem mais aceitas ou passar seus dias focados na internet como se buscasse uma fórmula mágica de serem melhores que as outras. Ao invés disso, é de suma importância lembrar que tudo precisa de equilíbrio. Não podemos deixar de lado as relações afetivas e o cuidado com a saúde mental. Temos que controlar o valioso tempo que temos e sempre lembrar que existe um mundo inteiro de oportunidades, ótimas companhias e dias de sol que jamais poderão ser substituídos ou moldados por vontades de outrem.

 

Juciara da Silva Santos. Graduanda em Administração na Universidade Federal de Alagoas. Contato: juciarasilva877@gmail.com

Fabiano Santana dos Santos. Professor Adjunto na Universidade Federal de Alagoas. Contato: fsantana@arapiraca.ufal.br

 


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