Quantas vezes, passeando pelas ruas, vimos pessoas carregando uma grande quantidade de papelão, ou mesmo catando latinhas, garrafas pet, plástico, vidro? Quantas vezes torcemos o nariz quando alguém abre a sacolinha de lixo para ver se ali encontra algo que lhe interessa?
Pois bem, o que passa despercebido é que essas pessoas, em sua maioria, dependem desse material para o sustento de suas famílias, pessoas quase invisíveis aos olhos da sociedade – e porque não aos olhos do setor público? Por que, ao invés de tentar reinventar uma roda que já funciona há muitos anos, não voltamos nossos olhares para a valorização e o reconhecimento deste trabalho digno e importante que há décadas vem sendo executado?
Quantas vezes conversamos ou mesmo facilitamos para aqueles que dependem desta atividade? Quantas vezes em nossa ignorância não conseguimos enxergar que atrás de cada um deles pode haver uma família que depende do leite e do pão comprados com a venda dos “inservíveis”?
Estas pessoas e todas as empresas que equalizam este sistema precisam, acima de tudo, do nosso respeito, pois são elas que dão um destino sustentável de todo material que conseguem “garimpar”, gerados pelo o que consumimos, e depois descartamos na maioria da vezes de forma inadequada.
Já é passada a hora de todos amadurecerem sobre estas questões. Temos que parar de tentar reinventar uma roda que já funciona. A sociedade precisa facilitar este trabalho. E, ao setor público, cabe a sensibilidade de valorizar esses heróis anônimos pelo serviço prestado todos os dias. Precisamos fazer uma verdadeira “logística reversa” de como pensamos ou agimos.
A presunção de que temos é que não existe um padrão nesse trabalho, e isso causa certo desconforto, nos levando muitas vezes a tentar modificar o sistema por eles bem estabelecido, e até mesmo criando “concorrentes” sustentados com dinheiro público, como vimos num passado recente.