Estacionamento preferencial ainda é alvo de desrespeito dos guairenses

Geral
Guaíra, 7 de maio de 2016 - 08h12

Além da falta de vagas, os cadeirantes reclamam da falta de acesso às lojas, bancos e prédios públicos, da dificuldade para utilizar as rampas de acesso e da carência de oportunidades no mercado de trabalho

 

Carros estacionam em vagas prioritárias em frente ao supermercado, complicando o acesso das pessoas com deficiência.

Carros estacionam em vagas prioritárias em frente ao supermercado, complicando o acesso das pessoas com deficiência.

 

Veículo estaciona em vaga preferencial. Ao ver a redação do jornal O Guaíra fotografando o local, a cidadã rapidamente retirou o carro.

Veículo estaciona em vaga preferencial. Ao ver a redação do jornal O Guaíra fotografando o local, a cidadã rapidamente retirou o carro.

 

A cena é comum em Guaíra: diversos veículos estacionam nas vagas preferenciais para pessoas com deficiência, idosos e gestantes. A falta de respeito atinge até mesmo o estacionamento dos supermercados da cidade.

O Código de Trânsito Brasileiro (Lei 9.503/97), em seu artigo 181, inciso XVII, determina que “estacionar o veículo em desacordo com a sinalização para vagas exclusivas” é uma infração leve, que enseja três pontos na habilitação, além de uma multa no valor de R$ 53,20 e remoção do veículo.

Porém, grande parte dos condutores de veículos ainda desrespeita a legislação e estaciona nestes locais prioritários. No centro da cidade, além dos espaços exclusivos às pessoas com deficiência, veículos também não respeitam a rampa de acesso, o que prejudica a circulação de alguns munícipes.

Para o portador de necessidades especiais, Lindomar Alves da Silva, 42 anos, encontrar uma vaga para estacionar na área central de Guaíra é uma tarefa difícil em dias de grande movimentação, principalmente nos primeiros dias do mês. “Somos muitos que conduzem veículos, ou que alguém os conduz, mas sofremos para encontrar vagas. Aqui em Guaíra não há respeito com as vagas de deficientes, já vi carros oficiais da prefeitura nesses locais, carros de populares, enfim ninguém respeita mesmo”, lamenta.

O guairense também relatou a dificuldade de se locomover quando precisa estacionar em lugares mais longes. “Às vezes temos que nos sacrificar tendo que andar ou que enfrentar longa distância de onde tem que ir, sendo que a nossa vaga, que poderíamos usar perto do local, tem um sem noção ocupando”, denunciou.

Vander de Souza, 40 anos, assistente sênior do Magazine Luiz, também necessita dessas vagas para trabalhar no centro da cidade diariamente, mas lamenta não conseguir utilizá-las quando necessário. “De manhã consigo ir de carro, mas após o almoço fica praticamente impossível estacionar”, afirma. Em frente ao local de seu trabalho há vagas preferenciais, mas que são ocupadas por outras pessoas, o que o impede de usá-las. “Assim, ou estaciono um quarteirão depois, ou vou com outro meio de transporte”, completa.

O cadeirante Rodrigo Bernardes de Souza, 29 anos, reclama que, além das vagas, é complicado ter acesso às lojas do centro. “Utilizo carro para me locomover ao centro e quase nunca encontro vaga para estacionar. Além disso, as lojas não oferecem rampa de acesso, o que me impede de entrar em muitos locais, inclusive em alguns bancos, como o Itaú”, ressalta.

Os guairenses ainda contam que a maioria das rampas das calçadas foram construídas de maneira errada. “Se não tiver alguém para ajudar, não conseguimos subir. Sem contar as calçadas ocupadas com mesas e cadeiras”, adverte Lindomar.

 

Outra reivindicação das pessoas com deficiência é a falta de um transporte público adequado. “O deficiente, junto à família, não tem transporte adequado para se locomover de um lugar a outro, precisando de ônibus circular com escada elevadora. Já vi muitos familiares empurrando o cadeirante pelas ruas dessa cidade, pois o micro-ônibus que circula não é adaptado para cadeirantes”, destacam.

 

OUTRAS DIFICULDADES

As pessoas com deficiência física aproveitaram para relatar seus diversos problemas para se locomoverem diariamente em Guaíra. Na área da saúde, os cadeirantes afirmam que não possuem prioridade. Os prédios públicos também não facilitam o acesso deste grupo, principalmente o Paço Municipal.

“Fomos uma vez convidados para ir receber as condolências do prefeito por ter participado de uma competição de natação em que ganhamos medalhas e fomos recebidos em uma sala minúscula, pois não tinha como o Chefe do Executivo receber os cadeirantes em seu gabinete. Quando um deles precisou ir ao banheiro não pôde porque a cadeira dele não passava na porta”, conta Lindomar. “A Casa de cultura também está devendo com os toaletes”, completa.

 

MERCADO DE TRABALHO

Apesar de algumas empresas abrir vagas para pessoas com necessidades especiais, os cadeirantes destacam que há firmas fazem exigências que não se enquadram em seus perfis.

“Uma empresa chegou a pedir para que o candidato deficiente pudesse conduzir um veículo que não era adaptado e ainda exigia que o profissional tivesse três anos de experiência como vendedor de defensivos agrícolas e que ele não precisaria ter prótese”, descreve. “Essas firmas não se responsabilizam e se quer se esforçam para ter um deficiente no mercado de trabalho. O que é constrangedor para nós”, finaliza.



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