Fogo destruiu o equivalente a 10 mil campos de futebol na região

Ministério Público reforça a investigação em torno de incêndios criminosos e reforça penas criminais para os responsáveis

Cidade
Guaíra, 18 de setembro de 2020 - 11h52

A alta de incêndios registrados em Ribeirão Preto e região, causados pelo tempo seco e intervenção humana, tem chamado cada vez mais a atenção das autoridades e reforçado as penalidades já existentes. Prova disso são os estudos divulgados por órgãos oficiais.

Um levantamento feito pelo Gaema (Grupo de Atuações Especializadas em Meio Ambiente, Habitação e Urbanismo), com base nos dados coletados pela Polícia Ambiental, mostra que, entre os meses de maio e agosto deste ano, o fogo destruiu 12,9 mil hectares de cana, área de preservação ambiental e matas verdes, em Ribeirão Preto e região. Essa quantidade é equivalente a 10 mil campos de futebol e corresponde às ocorrências de 29 cidades do entorno.

Somente no último final de semana, Miguelópolis, Serrana e São Joaquim da Barra tiveram alertas de incêndios graves e pararam as rodovias em determinados trechos. Os resquícios de fumaça e névoa branca puderam ser notados também na zona Sul de Ribeirão Preto.

Guaíra foi atingida pelas consequências desse fogo e teve áreas também atingidas. Em Miguelópolis, o fogo começou no domingo, por volta das 12h e, na segunda, ainda não havia sido completamente apagado.

Segundo o Departamento de Estradas e Rodagem (DER), por conta das chamas e das fumaças, a Rodovia Willian Amim (SP-385) ficou interditada nos dois sentidos do quilômetro 20. De acordo com o DER, durante o bloqueio na pista, o trânsito foi desviado para a Rodovia Assis Chateaubriand (SP-425) e não causou congestionamento aos motoristas.

Ao menos 30 porcos e 15 vacas morreram queimados em um incêndio em uma fazenda miguelopolense. “Faz cinco anos que moro aqui e nunca vi nada igual. (…) A gente estava lá na hora. A gente viu um monte queimado. Não tem nem como explicar, é complicado demais”, afirma Miguel Oliveira, arrendatário do local.

Oliveira vive com os pais, esposa e um filho de 17 anos em uma área de quatro alqueires paulista, equivalente a 96.800 metros quadrados. Toda a fazenda tem 70 alqueires.

Ele conta que ninguém da família ficou ferido por conta das chamas, apenas o adolescente que precisou ser levado à Santa Casa do município após inalar fumaça. Segundo o arrendatário, o garoto teve queda de pressão, foi atendido, recebeu alta médica e passa bem. “Meu menino ficou mal. Quase desmaiou”, diz. Nesta segunda-feira (14), o arrendatário começou a contabilizar os prejuízos. Por enquanto, o cálculo de perda é de R$ 50 mil entre animais, pasto e as cercas da fazenda que foram queimadas. Segundo Oliveira, no local ainda restaram 10 porcos e 12 vacas, e alguns ficaram feridos.

USINAS

Em nota, a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) informou que a maior parte dos mais de 11 mil hectares de canaviais queimados na região de Ribeirão Preto é decorrente de incêndios criminosos ou acidentais produzidos em áreas próximas a rodovias o de fácil acesso de moradores, por descarte de bitucas de cigarros, fogueiras, limpeza de terrenos e soltura de balões.

A entidade também ressalta que a queima da cana causa prejuízos irreparáveis às usinas e atinge o ativo que corresponde a 60% dos custos de produção das empresas do setor sucroenergético. “Espera-se que as causas sejam apuradas e que medidas sejam tomadas para mitigar essas ocorrências”, informou. A Unica informou ainda que os produtores têm investido em ações para reduzir os riscos de incêndios, como manutenção de equipes brigadistas e caminhões-tanque, além da limpeza de aceiros e a instalação de torres de observação. “Usinas e fornecedores de cana-de-açúcar são vítimas dessas ocorrências e têm feito investimentos expressivos para proteger o canavial”, comunicou.

TRÊS ESFERAS

Além dos incêndios causados pelo tempo seco e baixa umidade relativa do ar, ambos alertados diariamente pelo Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) na região, a incidência de chamas ateadas propositalmente também é registrada na cidade.

Por isso, a promotora do Gaema, Cláudia Habbib, disse na segunda-feira (14) que o Ministério Público tem reforçado as investigações e vai responsabilizar os suspeitos nas três esferas cabíveis. Os culpados podem respondem administrativamente, civilmente e criminalmente. “Causar incêndios florestais é crime e pode gerar pena de 2 a 4 anos de prisão, com recuso cabível, mas estamos atuando firmemente para que os responsáveis sejam penalizados e parem de degradar o meio ambiente e a saúde pública”, explicou.

“Essa queima de vegetação gera um prejuízo incalculável para as futuras gerações e para o ciclo comum também. Então, a população precisa passar a ter ações ambientalmente adequadas daqui para frente, para que esse situação não se agrave anualmente”, completa a promotora.

Com informações de A Cidade ON e G1/Globo

 


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