Guaíra: lixo doméstico estava sendo descartado de maneira irregular na cidade

Sem empresa para a destinação correta, prefeitura chegou a descartar os detritos na balança municipal e em área do antigo lixão. Agora, atual governo realiza licitação de empresa para fazer o descarte adequado deste passivo de lixo doméstico

Cidade
Guaíra, 10 de janeiro de 2021 - 12h55

O final de 2020 foi conturbado não só na área administrativa da prefeitura de Guaíra, como também no setor ambiental. Com o fim da contratação emergencial da Terra Plana e sem sucesso com a licitação para a vinda de nova empresa, o município teve de assumir a coleta de lixo no mês de dezembro, com caminhão próprio e funcionários públicos municipais.

Porém, como não havia local adequado para a destinação final – sem contratação de empresa não havia como enviar os detritos para um aterro autorizado pela Cetesb em outro município – , o então prefeito em exercício, José Reinaldo dos Santos Junior, precisou descartá-los em uma antiga área, atrás da Usina de Reciclagem (antigo lixão).

O problema é que a prefeitura não jogou o lixo coletado das residências da cidade apenas neste local. Na última semana de dezembro de 2020, o Jornal O Guaíra recebeu denúncia de que a Balança Municipal estava se tornando uma espécie de “lixão”, com montes de lixo (aproximadamente de 60 a 90 toneladas) na área e até mesmo com a presença constante de pessoas que reviram os detritos para conseguir tirar seu sustento – inclusive com um barraco instalado no local.

O questionamento foi feito ao governo assim que se passaram as festas de fim de ano, no início da última semana. Entretanto, a nova administração não comentou sobre este descarte irregular e ilegal na Balança Municipal, se atentando apenas à destinação feita no antigo lixão, que, atualmente, encontra-se com quase 350 toneladas a céu aberto.

Em entrevista, o prefeito em exercício, Edvaldo Morais, confirmou os problemas enfrentados na coleta da cidade, mas confirmou que tudo está sendo resolvido e, já nesta semana, ele espera que este passivo de lixo doméstico, recolhido pelo caminhão da prefeitura neste intervalo sem empresa contratada, seja transportado para um aterro licenciado pela Cetesb, em outra cidade.

“O lixo não está mais sendo depositado neste local, temos uma empresa que foi contratada desde quarta-feira (06) e está recolhendo e destinando os detritos ao aterro licenciado. O que acontece é que quando o prefeito Zé Reinaldo chegou à prefeitura, se deparou com um contrato que não tinha mais como revalidar, com prazo vencido. Devido a isso, ele tinha que recolher e depositar o lixo em algum local, então fez o que deu para fazer no momento. Recolheu com funcionários da prefeitura, manteve a cidade limpa no final do ano e depositou onde era um aterro sanitário. E imediatamente (início do atual mandato), abrimos toda documentação com prazos legais. A partir da segunda-feira (11), serão abertos os envelopes – da licitação – e a empresa que ganhar para transportar esse lixo e dar destinação final fará a partir desta semana. Temos prazos a ser seguidos. Sabíamos que não era de forma correta, mas fizemos o que tínhamos no momento, a forma que encontramos”, explicou Edvaldo.

 

Breve histórico do lixo em Guaíra

Em contato com um especialista na área, Lincoln Ribeiro, que já foi chefe da usina de Reciclagem e Compostagem de Lixo e coordenador do Plano Municipal de Resíduos Sólidos de Guaíra, fez um breve histórico da situação do lixo no município guairense. “Na década de 90, na área atrás da usina de reciclagem, era o antigo lixão. Todo o lixo era depositado a céu aberto naquela área. Em meados de 97, o Ministério Público decidiu que deveria acabar o lixão e iniciar um aterro controlado. Iniciou-se um Termo de Ajuste de Conduta, onde nasceu a Usina de Reciclagem, com aterro com valas controladas, que não precisavam de impermeabilização (era permitido na época). E ainda foi alvo de muitas denúncias, porque a operação estava sendo de forma inadequada, já que faltava maquinário e não existia uma técnica de aterro”, afirma.

Com a entrada de outras administrações, acertou-se a questão do aterro controlado. “Mas, quando se esgotou o espaço lá dentro da usina, outros governos resolveram fechar aquela parte e abrir um aterro sanitário realmente aprovado pela Cetesb, com manta de impermeabilização, o que funcionou até meados de 2019. Com encerramento desse aterro, foi definido que a coleta deveria ser vinculada à destinação em aterro sanitário aprovado pelo órgão competente fora do município para que Guaíra não gastasse tanto com operação de um próprio. A partir daí, foi coletado e levado para aterros da região.”

Lincoln ainda relembra a situação da coleta em 2020. “Como existia uma empresa que estava em caráter emergencial desde julho, porque a outra havia abandonado o trabalho, foi feito um contrato emergencial que foi até final de novembro. Depois disso, com todos os acontecimentos e problemas legais, resolveu-se que iria fazer coleta com pessoal da prefeitura e provisoriamente ficaria depositado onde era o lixão. Não se sabe porque foram levados algumas toneladas para a balança. Mas, com essa nova empresa licitada, esse lixo será retirado destes locais e destinados a um aterro, porque a empresa que está fazendo coleta agora não tem permissão para esse trabalho. Esse passivo do município, que foi criado nesse intervalo de 20 dias, tem que ser feito com outra firma”, explica. 


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