Segundo Reinaldo Domingos, a redução não significa que deverá deixar de colocar seu dinheiro nessa modalidade ou investir em outro tipo de aplicação
Se forem mantidas as previsões, na reunião de hoje (06), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciará a queda da taxa de juros Selic de 9,25 para 8,5% ao ano. Com isso, será utilizada a regra criada pelo Governo em 2012 que muda o cálculo e reduz o rendimento da caderneta poupança, que passará a ser de 70% da Selic, mais a Taxa Referencial (TR).
Para entender melhor, esse gatilho foi criado porque, com a queda de juros Selic, a poupança pode se tornar mais atrativa do que todos os fundos de renda fixa, e assim, até mesmo os grandes aplicadores poderiam migrar para a caderneta, fazendo com que o Tesouro Nacional tivesse menos compradores dos títulos públicos. Já que, além do bom rendimento, a caderneta teria a vantagem de risco zero, isenção de cobrança do Imposto de Renda e de taxas de administração.
Onde aplicar
Porém, com a mudança, chegou o momento de uma análise aprofundada para quem for aplicar, definindo claramente os objetivos, e direcionando o dinheiro. De acordo com Reinaldo Domingos, doutor em Educação Financeira, presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin), em uma primeira análise, ele afirma que a redução não significa que deverá deixar de colocar seu dinheiro nessa modalidade ou investir em outro tipo de aplicação.
“Por mais que os números mostrem um tipo de investimento como vantajoso, vários fatores devem ser avaliados antes dessa decisão, dentre os quais estão o comportamento do mercado, que pode mudar de rumo com o correr dos tempos e, principalmente, os sonhos e objetivos que se quer atingir com o dinheiro investido”, declara.
De acordo com o profissional, investir apenas na linha que aparentemente tem a maior rentabilidade pode ser uma armadilha, levando até mesmo a prejuízos. “Além disto, o dinheiro poupado deverá ser dividido em investimentos direcionados aos objetivos e sonhos de curto, médio e longo prazos. Sonhos de curto prazo são aqueles que se pretende realizar em até um ano. Para esses, ainda é interessante aplicar em caderneta de poupança, pois, quando necessitar terá a disponibilidade de retirar sem pagar taxas, imposto de renda ou perder rendimentos”, ressalta.
“Já os sonhos de médio prazo abrangem um período de um a dez anos. São aqueles que não ocorrem imediatamente, mas conseguimos visualizar a realização em um período não tão longo, para estes são interessantes linhas que tenham prazos pré-estabelecidos no período do sonho a ser realizado. Dentre as opções recomendo Tesouro Direto, CDB, Fundo de Investimentos, Título do Tesouro e ouro. Neste caso, o melhor é pesquisar em pelo menos três instituições financeiras de grande porte. E os sonhos de longo prazo, são aqueles que a maioria das pessoas acreditam que não irão realizar, por representar algo muito distante. O tempo destes sonhos é acima de dez anos, o que faz com que muitos desanimem antes mesmo de começar”, completa.
Para Reinaldo, seja qual for o sonho, “ele é factível de ser realizado, mas, é preciso perseverança e começar imediatamente. Para estes sonhos recomendo investir em Tesouro Direto, previdência privada, e ações. No caso de investimento em ações, o melhor é investir no máximo 20% do dinheiro total com essa finalidade, isto porque existe grande risco por depender do desempenho da empresa na qual investe.”
Outra dica do doutor em educação financeira é que é importante manter a calma e não tomar decisões por impulso. “Também recomendo que se tenha uma reserva financeira extra para os imprevistos (para esse caso a poupança também é recomendada), geralmente problemas acabam desviando o dinheiro dos sonhos de médio e longo prazo.”
Por fim, por mais que as informações direcionem para mudanças de aplicações, uma das premissas da educação financeira é manter a calma e ter objetivos, o que fará com que a realização de seus objetivos se torne mais simples.