Idos 1968

Opinião
Guaíra, 17 de março de 2018 - 09h39

Por Paulo Sérgio Lelis

Há cinquenta anos, passados na maior parte do Ocidente no ano de 1968, este foi, sem sombra alguma, um ano inesquecível pela virada política, pela mudança estética, pelas transformações dos valores comportamentais, nas artes, no teatro, na TV no cinema, enfim a revolução através da música e seus festivais.

Entretanto, esta revolução cultural tem seu início em maio de 1968 com estudantes parisienses que invadem a Sorbonne e dali intimidam o fundador da V República francesa, o então presidente general Charles de Gaulle.

O ano de 1968 foi tido como o ano da França pela corajosa luta de seus jovens estudantes contra valores já ultrapassados, puritanos, da velha guarda da França, é a conhecida contra-cultura. Este movimento ficou conhecido como a “Nouvelle Vague”, esta nova onda inicia-se pelos anos de 1962 onde a pílula anticoncepcional fora legalizada na França.

Assim, as mulheres francesas conquistam sua liberdade sendo que muitas delas queimaram seus sutiãs em praça pública pela conquista.

1968 foi a geração “baby boom”, o pós guerra, São Francisco, Los Angeles se dissipam a um lugar comum nos festivais Woodstock. Ama-se a paz, venera-se a natureza e, na autenticidade, o amor encontra-se no coração de todos e no próprio lábios dos jovens.

Entretanto, em 1968, um estudante secundarista Edson Luís de Lima Souto, 18 anos, é morto por policiais militares durante a invasão do restaurante de estudantes do Calabouço na cidade do Rio de Janeiro. Foi dali a reação ao governo militar culminando mais tarde com a decretação do ato institucional nº 5 efetivando o regime autoritário militar.

O maio de 1968 não é tão somente uma paixão da França mas uma declinação por transformações pela luta juvenil por vários países: América do Norte, Itália, Alemanha, Checoslováquia, México, Brasil, cada qual com seu maio de 1968.

Há cinquenta anos, a nova onda cobrava de uma certa juventude que trazia seus slogans: “Gozar sem Limites” e “É Proibido Proibir “. Foi uma pena! A falta de sorte das sombras destas figuras do desejo de um tempo que AIDS tornou superadas os slogans dos anos dourados de 1968 porque toda realidade ocupa o lugar do desejo, mas no fundo dos corações ecoam através das brisas das manhãs aquelas ingênuas alegrias, os risos sinceros, as malícias puras e as aventuras líricas dos idos anos 1968.


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Paulo Sérgio Lelis

Paulo Sérgio Lelis é Mestre em Direito Público

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