Beija-mão

Editorial
Guaíra, 13 de abril de 2017 - 07h35

O ritual do beija-mão era um antigo costume monárquico, com acentuado registro entre os reis da Europa. Portugal foi o último país a aboli-lo, o que não estranha o fato do Brasil adotá-lo demasiadamente, mesmo quando tal costume estava em desuso na velha Europa.

Tão logo D. João VI chegou ao Brasil, ele instituiu a referida prática, que consistia em permitir-se que os súditos (incluindo nobres e plebeus) beijassem a mão direita do rei, como sinal de reverência, de subordinação.

De acordo com depoimentos de europeus que visitaram o Brasil no período em que D. João VI governava o país, haviam oportunidades em que ricos e pobres se misturavam no Rio de Janeiro, dentre os quais poderiam ser citados missas, procissões, concertos musicais e o ritual do beija-mão.

O evento em si passou a ser um momento esperado por ricos e pobres. Era uma oportunidade de se vestir a melhor roupa e de contemplar, face a face, D. João VI – uma perfeita oportunidade para se fazer algum pedido ou reclamação ao rei.

Com exceção dos domingos e feriados, o ritual ocorria todas as noites, em torno das 20 horas (D. João VI tinha o hábito de dormir tarde). Toda a corte se reunia para prestigiar a solenidade.

Quando o sinal era dado para a abertura do salão, a banda de música da corte começava a tocar. Em fila, os súditos caminhavam, lentamente, em direção ao salão cerimonial. Quando se aproximavam a alguns passos do trono, inclinavam-se profundamente.

Depois, se ajoelhavam e beijavam a mão de D. João VI. Após, repetia-se o mesmo gesto em relação aos demais membros da família real. Quando, enfim, o último membro real era reverenciado, o súdito se retirava – também em fila – por outra porta, na mesma ordem em que entrou no salão.

Segundo testemunhas da época, as estradas que davam acesso ao Rio de Janeiro eram percorridas, simultaneamente, por ricos e pobres, que se deslocavam para o palácio real a fim de participarem do evento. Uns iam a pé; outros, na garupa de mulas: todos ansiosos pela chance de beijar a mão do monarca.

Ainda bem que este tipo de “beija-mão”, “Lambe-botas”, do famoso “adulador” não existe em Guaíra, graças a Deus!

 

 

 


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