Ora bolas, se a mensagem não agrada, que “matem o mensageiro”! A expressão é atribuída a Dario III, rei da Pérsia, por volta do ano de 333 a.C., ao mandar executar o oficial que lhe levou a notícia da derrota de seu exército por Alexandre da Macedônia. Mas certamente este não foi o único soberano ou membro da alta casta da realeza a mandar executar portadores de más notícias.
E a história está recheada de exemplos que foram no mesmo alinhamento. Aqui no Brasil não foi diferente quando no século XIII, a coroa portuguesa possuía uma listagem de obras que não podiam circular em seus territórios, incluindo todas as suas colônias.A República Velha reprimiu qualquer manifestação ou apoio que fosse entendido como de cunho monarquista. Nas décadas de 30 e 40,durante o período do Estado Novo, além de haver uma grande censura aos meios de comunicação, exilando e torturando jornalistas e intelectuais que faziam críticas ao regime, semelhante ao que havia na Alemanha e na Itália. E mais “recente” com a promulgação do AI-5 nos anos 70, todo e qualquer veículo de comunicação deveria ter a sua pauta previamente aprovada e sujeita a inspeção local por agentes autorizados. Alguma semelhança com os dias atuais ?
Censuras, como mostra a história, tem prazo de validade,que a cada dia, fica mais curto. “Matar a mensagem ou mensageiro” nos dias atuais, é como tentar enxugar gelo, em um deserto árido e quente. Censurar esta grande babel virtual, é ingênuo. Represar a comunicação entre milhões de pessoas que formam uma grande teia confusa,chega a ser infantil. Todos querem falar e ser ouvidos pela ótica da sua razão onde verdades são confrontadas com milhares de outras, gerando um conflito insano. A experiência de cada ser humano é única e intransferível,e nos dias atuais, menos suscetível ao adestramento imposto por “ideologias” ultrapassadas, que na verdade escondem seus reais interesses e objetivos.
A espontaneidade e a coragem para falar o que pensa, com a franqueza por vezes constrangedora das crianças, vai se perdendo naturalmente ao longo de nossas vidas. Nem sempre é possível falar o que queremos, pelo menos não do jeito que gostaríamos de falar.
O excesso de honestidade pode ser muito desagradável em determinadas ocasiões. É preciso saber o momento certo, os meios adequados e a linguagem ideal para manifestar nossos pensamentos, sob pena de sermos mal interpretados e até indesejados por determinados grupos sociais. Mas, apesar da prudência necessária que algumas ocasiões exigem, o que não se pode admitir é o silêncio.