O Jornal O Guaíra passa a ter uma coluna mensal dedicada aos amantes de um jogo de tabuleiro, considerado um dos mais antigos e um dos melhores jogos de estratégia, o xadrez.
Hoje, existem inúmeros jogos de tabuleiros pelo mundo, com o poder de fascinar, ensinar e divertir ao mesmo tempo. Sejam para crianças ou adultos, os jogos de tabuleiros ajudam a desenvolver a inteligência, o raciocínio e a memória. Porém, poucos podem estimular tanto a inteligência humana quanto o jogo de xadrez.
A inteligência e o rigor, a princípio, são as características mais importantes para se jogar o xadrez, mas podemos dizer que o jogo guarda muita semelhança na representação da vida externa como a consciência interior humana. Para alguns estudiosos no assunto, esse jogo de estratégia desenrola-se sobre um tabuleiro que simboliza o mundo com a luz e a sombra, ou o Yang e o Yin, simbolizados pelos quadrados pretos e brancos. O tabuleiro, com as suas 64 casas, é uma espécie de mandala, ou seja, um cosmos simbólico onde as forças se chocam ou se equilibram, simbolizando também a existência humana e as diferentes características da alma e a luta interna que estas provocam.
Um dos ensinamentos do jogo de xadrez é que, em determinados momentos, é necessário sacrificar uma determinada peça para ganhar a partida. Ou seja, na vida real, há momentos em que você deve abrir mão de certas coisas para que possa alcançar seus objetivos. Assim como no jogo de xadrez, na vida é necessário ter raciocínio e estratégias bem traçadas para realizar seus planos.
Assim, a estratégia utilizada pelos heróis mitológicos – que deram origem ao jogo – é a mesma que qualquer ser humano deve utilizar para gerir o seu interior, os seus desejos, paixões, amores e ódios. Tanto o combate interior como a luta da vida, ou ainda a disputa entre os deuses, pressupõem um grande controle interior e exterior nos vários níveis dos seres e da vida. Por outro lado, para além do domínio e da luta, o jogo do xadrez também ensina que por vezes é preciso saber perder para se aprender a ganhar. A alternância do branco e do negro, do dia e da noite, do bem e do mal, da vitória e da derrota são um grande ensinamento sobre a realidade da vida em constante mutação em que aquela se desenrola com altos e baixos, num movimento cíclico constante. Cumulativamente, o fato de que, no jogo, qualquer movimento de uma peça afeta todas as outras alerta simbolicamente para as ações na vida e as respectivas reações em cadeia sobre tudo o que está à sua volta.