“Tapa na Cara”

Editorial
Guaíra, 1 de abril de 2022 - 13h56

“Tapa na Cara”

 

Como um tapa na cara que assistimos na entrega do Oscar pode viralizar, virar assunto mundial por vezes tornar-se até mais importante do que a famigerada guerra entre a Rússia e a Ucrânia?

 

Quem já deu e já levou um tapa na cara sabe que são situações extremas e emocionais. Um tapa na cara é um gesto de fúria, desespero, impotência, mas também um gesto político. O que conta é toda a sequência de fatos que vem junto.

 

Impressionante  a inteligência e criatividade  coletiva que  fabricou milhares de memes sobre o assunto. Alguns até chegaram a apontar que a noite de fúria de Will Smith, não passou de uma manobra de marketing inteligente, para mostrar a força da indústria cinematográfica e seus ícones do glamour, ao sucesso, a indústria, a festa,  um mundo totalmente codificado de etiquetas que hipnotiza o inconsciente coletivo.   

 

Mas trouxe  também reflexões sobre as dores das mulheres negras e dos homens negros, sobre piadas recreativas que humilham e sobre o que consideramos violência e os limites do tolerável.

 

Este “humor” ofensivo, feito de insultos pesados, onde uma pessoa e/ou celebridade é alvo de piada, tem nome na terra do Tio San: “roast” (assado), de assar, fritar ou esculachar alguém em programas de TV ou mesmo eventos políticos.

 

O problema é que em todo mundo, estes “humoristas”, que defendem o humor a qualquer preço, com a pecha de, “É só uma piada!”, virou uma espécie de álibi para algumas pessoas  exercerem o racismo, a misoginia, o machismo, e outras barbaridades repulsivas que não cabe mais dentro de uma sociedade evoluída .

 

De forma alguma somos favoráveis a violência e nem a defendemos. Esperemos que o “tapa na cara” , tão impulsivo e primário, transcendente, consiga ter o caráter pedagógico que simboliza. Este mesmo ato tem força maior quando  o caráter, os valores, a honestidade são mais fortes que a força física. Estamos carentes de atitudes firmes que mostrem as pessoas que a humilhação, mesmo que travestida de “humor”, ou qualquer outro tipo de texto, normalmente pagos, que não respeitam e ou  causam a dor no outro, não são bem vindas.


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