Essa última semana foi uma das mais difíceis para todos nós. Além dos falecimentos – de pessoas tão jovens e tão queridas – anunciados, também tivemos a informação de que vacinas aplicadas em um postinho de nossa cidade estariam com a validade vencida!
Um levantamento baseado no cruzamento de dados oficiais do governo federal aponta que ao menos 26 mil pessoas podem ter recebido doses vencidas da vacina AstraZeneca contra a Covid-19 em diversos municípios brasileiros.
O trabalho dos pesquisadores Sabine Righetti, da Unicamp, e Estêvão Gamba, da Unifesp, foi publicado na sexta-feira (2) pelo jornal “Folha de S. Paulo”. Os dados indicam que o problema ocorreu com doses de oito lotes da vacina.
Prefeituras negam o problema e atribuem o achado do levantamento a falhas na inclusão de dados no Sistema Único de Saúde (SUS), que recebeu anotações com atraso de até dois meses. Ao menos uma cidade (Alagoa Grande – PB) admitiu ter aplicado 72 doses vencidas.
O Gabinete Integrado de Acompanhamento da Epidemia Covid-19 (Giac), da Procuradoria da República, pediu, no dia 02 de julho, ao Ministério da Saúde e à Anvisa informações sobre eventual aplicação de doses de vacina da AstraZeneca fora do prazo de validade. A PGR deu cinco dias para os órgãos responderem.
Em nota conjunta, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems) dizem que todos os casos serão investigados e “não está descartado erro do Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações, que desde o início da Campanha de Vacinação apresenta instabilidade no registro dos dados”.
De acordo com o levantamento, foram aplicadas 25.935 doses fora do prazo em pelo menos 1.532 cidades. Na lista, Maringá, no Paraná, aparece como a cidade com mais doses vencidas: 3.536 .Guaíra aparece com uma de suas unidades. No entanto, a prefeitura negou a prática e associou o achado dos pesquisadores a erros no preenchimento de tabelas do Sistema Único de Saúde (SUS).
O ministério diz que “caso alguma vacina seja administrada após o vencimento, essa dose não deverá ser considerada válida” e a vacinação deve ser refeita. Além disso, ainda segundo a pasta, “o vacinado deverá ser acompanhado pela secretaria de saúde local”.
Segundo Sabine Righetti, uma das autoras do levantamento, as informações são do DataSUs e da Sala de Apoio à Gestão Estratégica (SAGE). A equipe analisou a data de vencimento dos lotes de vacina que ainda estavam sendo ministrados no Brasil.
Primeiro, foram encontrados 8 lotes da AstraZeneca que já venceram. Depois, esses dados foram cruzados com as datas de aplicação informadas. Ainda de acordo com a pesquisadora e jornalista, esses são os únicos lotes que já passaram da validade no país.