Dia Internacional da Mulher: Oito motivos para ser feminista

Agora
Guaíra, 8 de março de 2016 - 09h27

O feminismo não é o oposto do machismo, mas sim um movimento social e político que tem como objetivo conquistar o acesso a direitos iguais entre homens e mulheres

As homenagens ao Dia Internacional da Mulher não podem se resumir a comemorações, já que esta é também uma data de luta. Ela foi criada em 1910 num contexto de lutas feministas por melhores condições de vida e de trabalho, além do direito ao voto. Em dezembro de 1977, o Dia Internacional da Mulher foi adotado pelas Nações Unidas para lembrar as conquistas sociais, políticas e econômicas das mulheres.

Ao contrário do que muitos pensam, o feminismo não é o oposto do machismo, de acordo com a ativista e jornalista Nana Queiroz. O feminismo é um movimento social e político que tem como objetivo conquistar o acesso a direitos iguais entre homens e mulheres, ele existe desde o século XIX. “Feminismo está dentro de uma ideia bem simples, que é a ideia de que mulheres e homens são seres com dignidade equivalente e merecem direitos, oportunidades e liberdades equivalentes”, explica a diretora executiva da revista AzMina.
Uma mulher morre a cada 90 minutos vítima de feminicídio. Uma em cada três mulheres sofre violência de algum homem ao longo da vida. Entre as 500 maiores empresas do mundo, menos de 5% possuem CEOs mulheres. Por tudo isso e com respeito ao significado da data, uma lista foi criada sobre os motivos pelos quais todos poderiam ser feministas.

  1. Brasil é o quinto lugar em assassinato de mulheres

O Brasil ocupa a 5ª posição no ranking global de homicídios de mulheres, entre 83 países elencados pela Organização das Nações Unidas (ONU), atrás apenas de El Salvador, Colômbia, Guatemala e Rússia. Os números constam do estudo “Mapa da Violência 2015: Homicídios de Mulheres no Brasil”, realizado pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), a pedido da ONU Mulheres. A estimativa feita pelo Mapa, com base em dados de 2013 do Ministério da Saúde, alerta para o fato de a violência doméstica e familiar ser a principal forma de violência letal praticada contra as mulheres no Brasil. A cada sete homicídios de mulheres, quatro foram praticados por pessoas que tinham relações íntimas de afeto com a vítima. O Mapa da Violência 2015 também mostra que o número de mortes violentas de mulheres negras aumentou 54% em dez anos, passando de 1.864, em 2003, para 2.875, em 2013. Uma pesquisa do Ipea apontou que a Lei Maria da Penha fez diminuir em cerca de 10% a taxa de homicídios contra mulheres praticados dentro das residências das vítimas.

  1. Violência contra a mulher precisa ser combatida

Uma em cada três mulheres no mundo já sofreu violência física ou sexual, cerca de 120 milhões de meninas já foram submetidas a sexo forçado e 133 milhões de mulheres e meninas sofreram mutilação genital, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU). Estimativas da ONU revelam que pelo menos 200 milhões de meninas e mulheres no mundo sofreram alguma forma de mutilação genital feminina, em 30 países. No Brasil, de acordo com balanço divulgado pelo Ligue 180, somente no primeiro semestre de 2015, foram feitos 179 relatos de violência contra mulheres por dia, com um total de mais de 32 mil ligações sobre violência contra a mulher. Desse total, mais da metade das ligações, ou 16 mil casos, foram para relatar agressão física, o que representa 92 denúncias por dia. O segundo tipo de violência mais relatado foi o de agressões psicológicas, com aproximadamente 10 mil casos. A perseguição de mulheres, por exemplo, é um tipo de violência que se enquadra nessa classificação. Já o número de relatos de violência sexual alcança aproximadamente sete casos diários nos seis primeiros meses do ano.

  1. Lugar de mulher é na política

O Brasil tem uma das taxas mais baixas no mundo de presença das mulheres no Congresso Nacional. De acordo com dados da União Interparlamentar, as mulheres no mundo são 22,6% dos representantes do povo no Poder Legislativo. No nosso país elas são apenas 8,6%. De acordo com a organização, de um total de 190 países, o Brasil ocupa a posição de 116º lugar no ranking de representação feminina no Legislativo. Na atual legislatura temos 53 deputadas, o equivalente a 9,9% das cadeiras na Câmara dos Deputados. Já no Senado Federal, com 81 cadeiras, temos 12 mulheres. Com isso, os números brasileiros ficam a baixo da média mundial. Só 10% dos países num mundo com 50% de mulheres são governados por mulheres. Nossos números são inferiores, inclusive, aos do Oriente Médio, que tem uma taxa de representação feminina de 16%.

  1. Meninas refugiadas são submetidas a casamentos precoce

De acordo com a ONU, há um aumento alarmante no número de meninas sírias refugiadas na Jordânia sendo forçadas a casamentos precoces. A guerra na Síria está levando refugiados a negociarem o casamento de meninas adolescentes com homens muito mais velhos. O mesmo também é observado no Líbano e no Egito. Entre refugiados sírios, a perpetração e o medo da violência sexual, especialmente contra meninas, são citados como os primeiros motivos para sair da Síria.

  1. Infanticídio feminino e aborto seletivo são práticas em alguns países

Em geral, o mundo tem mais homens do que mulheres, mas eles estão mal distribuídos. Segundo mapeamento feito pelo Centro de Pesquisas Pew, com dados da ONU, atualmente existem 101,8 homens para cada 100 mulheres. Além disso, o número de habitantes do sexo masculino no planeta está subindo gradualmente desde 1960. Nas nações árabes, assim como países do Norte da África e parte da Ásia, a quantidade de homens é superior à de mulheres. Uma das explicações está relacionada ao infanticídio feminino em alguns países como a China e a Índia, onde também fetos femininos são abortados com mais frequência.

  1. Igualdade de gêneros ainda é distante na ciência e tecnologia

Segundo a ONU, ciência e igualdade de gêneros são vitais para alcançar a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Nos últimos 15 anos, a comunidade global tem se esforçado para inspirar e engajar mulheres e meninas nesta área. O último relatório da agência sobre o assunto mostrou que as mulheres representam apenas 28% dos pesquisadores no mundo e a diferença aumenta ainda mais nos escalões mais altos. Infelizmente, elas continuam sendo excluídas de participar plenamente no setor científico.

  1. Salário de mulheres é 24% menor que homens

A taxa de desemprego das mulheres é cerca de duas vezes a dos homens, de acordo com relatório da ONU Mulheres. Em todo o mundo, apenas metade das mulheres participa do mercado de trabalho, em comparação a três quartos dos homens. Em geral, apenas um quarto das mulheres empregadas está no setor formal. Em regiões em desenvolvimento, até 95% do emprego das mulheres é informal. As mulheres ainda recebem 24% menos que os homens. As lacunas para mulheres com filhos são ainda maiores.

  1. Milhões de meninas nunca terão a chance de entrar numa sala de aula

Quase 16 milhões de meninas entre seis e 11 anos de idade nunca terão a chance de aprender a ler ou a escrever. O total é o dobro na comparação com os meninos. Este é o principal dado de um atlas sobre desigualdade de gênero na educação, lançado pela Unesco, em antecipação ao Dia Internacional da Mulher.

Os índices mais altos de disparidades são vistos em países árabes, na África Subsaariana e no sul e no oeste da Ásia. Já no sul e no oeste da Ásia, 80% das meninas que não estão na escola nunca terão a oportunidade, comparado com 16% dos meninos.


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