Bebeu do próprio veneno

Editorial
Guaíra, 9 de setembro de 2017 - 10h17

Joesley Batista, há três meses atrás se instalou na cobertura de um apartamento, com a família,  em uma cobertura na 5ª Avenida em Nova York, e parecia seguro de que tinha feito a coisa certa: “Nós vamos fazer um serviço tão bem feito que não vão nem mais precisar chamar nós [sic]”, disse ele ao diretor da JBS ao Ricardo Saud  em conversa descontraída sobre a delação feita e gravada.

Eles tinham apostado na delação para escapar da prisão. Admitiram crimes de corrupção e tráfico de influência, entregaram comparsas e cúmplices, em troca da manutenção de sua liberdade e operacionalidade das empresas e do grupo.

Agora o tiro saiu pela culatra.

Acontece que  além da possibilidade de perder os benefícios do acordo de delação premiada – e enfrentar pesadas denúncias do Ministério Público – o empresário pode ser afastado da direção da holding J&F…. – Como se não bastasse, os delatores da JBS terão de comparecer ao Congresso para responder perguntas sobre os casos de corrupção.

Joesley tinha um depoimento marcado para a tarde de terça-feira. Deveria ir à Polícia Federal na Asa Sul, em Brasília, prestar depoimento sobre denúncias apuradas pela operação Bullish, que investiga possíveis fraudes e irregularidades em aportes concedidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) entre 2007 e 2011. Mas o empresário faltou: estava preocupado demais com uma declaração do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Na noite anterior, ao informar à imprensa sobre a existência do polêmico diálogo entre os delatores, Janot disse que Joesley e Saud tinham omitido crimes ao fechar a delação premiada. E que, por isto, o acordo “provavelmente” seria revisto.

Será mesmo que o Brasil terá condições de ser passado a limpo?


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