Guairense Alisson Mendonça cria startup de gestão de patrimônios e incentiva a arte e a cultura

Alisson Mendonça, filho de Magda e do ex-vereador José Mendonça, está à frente da FAARO, que assessora na catalogação, avaliação e venda e conecta colecionadores a artistas; quadros de Anita Malfatti e de Di Cavalcanti, carros clássicos e adegas são gerenciados

Entrevistas
Guaíra, 25 de junho de 2021 - 09h26

O guairense Alisson Mendonça, de 38 anos, é mais um daqueles pratas da casa, grande orgulho para a família e também para Guaíra, cidade onde nasceu. Em 2020, após viver de perto a dificuldade em gerenciar e proteger o patrimônio de um familiar, ele deixou a área  em que atuava (Corporate & Investment Banking) para investir na criação da startup FAARO. Pioneira no mercado, ela possibilita o gerenciamento de patrimônio, atua como incentivadora da arte, ao valorizar e regulamentar os artigos – como quadros de Anita Malfatti e de Di Cavalcanti e carros clássicos –, preza pela manutenção dos bens, promove exposições, faz a conexão com compradores e insere novos talentos no ecossistema cultural.

Filho de Magda e do ex-vereador José Mendonça, o empreendedor, atualmente, encontra-se à frente da FAARO, atendendo 50 colecionadores com a curadoria especializada, que avalia, cataloga e indica o melhor para a coleção. “Tem gente que tem uma ‘Monalisa’ em casa e não sabe, ou que tem tesouros de inestimável valor seja financeiro, cultural e/ou histórico guardados no armário que poderiam ser compartilhados em uma exposição virtual, por exemplo”, afirma. Enquanto alguns clientes optam pela confidencialidade sobre os itens e/ou preferem mantê-los no acervo pessoal, outros decidem por expô-los ou vendê-los após a apreciação.

“Trabalhamos com a paixão das pessoas. Sabemos a estima pela coleção e como é importante mantê-la em segurança e nos melhores padrões de gestão estabelecidos, então trazemos soluções de tecnologia e inteligência com o know-how de profissionais experientes”, diz o CEO da empresa. 

De pinturas renomadas a automóveis, passando por antiguidades, adegas, joias, closet e itens de luxo, a FAARO apoia a gestão dos ativos desde a regularização de documentos até o planejamento de ações periódicas, como a limpeza para preservação de obras de arte, manutenções de veículos ou até mesmo o planejamento de consumo de vinhos, por exemplo. O cliente acompanha com segurança e privacidade a partir da plataforma, um SAAS seguro, flexível e fácil de usar.

Para contar um pouco mais sobre a ascensão deste negócio novo no mercado, Alisson concedeu entrevista à reportagem do O Guaíra. Confira:

 Por que decidiu criar essa startup? Qual a sua finalidade?

Construí uma sólida carreira no Mercado Financeiro, e trabalhei por mais de 12 anos no banco de Atacado do Santander, como banker na área de Corporate & Investment Banking. Fui responsável pelo relacionamento da instituição com grandes grupos como Adecoagro, Dow Chemical, DuPont, Monsanto, Air France, Amorim, Angelini, Apple, Coca Cola FEMSA, DELL, Foxconn, HP, Huawei, IBM, Banco IBM, Indra, LG, Mitsui, Nokia, RGE, SAID Andina, Philips, Prosegur, Samsung, Serasa Experian, Siemens, Schneider, Sumitomo, e outros. Tendo atuado diretamente na estruturação de transações como Project Finance, Fusões e Aquisições, Debit Capital Markets, derivativos, Cash Management, entre outros, com próximo relacionamento com senior management dessas companhias.

Em 2018, aceitei o desafio de gerir o patrimônio de um single family office e passei a atuar na gestão do seu acervo, incluindo carros clássicos. Foi quando identifiquei a falta de uma plataforma para gestão patrimonial e, com as experiências no Mercado Financeiro, decidi me especializar nesta atuação, criando uma plataforma para apoiar famílias na gestão patrimonial e acervos colecionáveis. Assim surgiu a FAARO, para levar soluções de tecnologia e inteligência na gestão patrimonial e de coleções.

Recebeu apoio da família para o início dessa trajetória?

A minha esposa sempre esteve comigo e entendeu que era o momento de empreender – mesmo sendo bastante pesada a rotina de trabalho e estar bastante fora de casa em um momento super difícil, com 2 filhos pequenos. Sou muito grato a todo o apoio que ela me dá e tento sempre retribuir e ter os finais de semana exclusivos para eles.

Chegou a pensar nos riscos de deixar o emprego para iniciar o seu próprio negócio? O que te motivou para continuar seus projetos?

Com certeza, porém, era um sonho construir a FAARO e poder multiplicar o trabalho realizado para outras famílias. E não estou sozinho, tenho outros Co-Founders, como o Marcelo Camargo, o Erich Cortizo, e o Adriano Coura.

Contamos com importantes investidores que acreditaram na FAARO, dentre eles investidores nacionais como Josimara Ribeiro de Medonça (Grupo Colorado), Marcelo Bella (presidente de instituição financeira), Clovis Ikeda (Partner da Grano Capital), Flavia Lima Gemignani (Diretora de Consultoria Global de Estratégia), João Abraão (Head de Marketing de instituição financeira) e internacionais como Marco de Biasi (Latin American Angels Society), Matteo Santini (Senior Private Banker da Republica de San Marino), Filippo Pasetti (VP em instituição financeira em NY), Marcos Roberto (Consultor Financeiro em Miami), entre outros.

Por que acredita no diferencial da FAARO?

Nascemos com o propósito de apoiar famílias e, ao mesmo tempo, gerar impacto social e cultural. Temos obtido grande sucesso nessas ações e tenho certeza que, com a força de nosso time e dos nossos investidores, que brilham os olhos com o nosso ambicioso plano de crescimento e de impacto, vamos alcançar nossos objetivos.

Por que o nome FAARO? Como foi o início da startup e como ela está agora?

O nome remete a farejar as melhores oportunidades para os nossos clientes e usuários.

Participamos de um programa de aceleração em 2020, do Founder Institute, maior programa de aceleração do mundo. Foram 300 startups inscritas, 60 selecionadas, e 18 graduadas. Após esta oportunidade, fomos selecionados para outro programa do Founder Institute do Vale do Silício, em Dez/2020, chamado Founder Lab. Foram 400 inscritos do mundo inteiro, sendo apenas 60 selecionados; e a FAARO foi a única startup brasileira graduada no programa desde 2017. Em Abril/21, participamos de um programa de aceleração do MIT Enterprise Forum & Cambridge Innovation Center – Miami, para entrada no mercado americano, e estamos em processo de aceleração para entrada no Reino Unido por convite do Department of International Trade – UK.

Quais são as intenções da FAARO com os museus e a preservação da arte e da cultura nacional?

Menos de 5% dos museus no Brasil possuem sistema de gestão de acervo, e esperamos possibilitar que todos os museus do Brasil tenham uma licença conosco até o final de 2025. Para cada conversão de uma licença premium, subsidiaremos uma licença para um museu sem fins lucrativos. Catalogar patrimônio cultural e histórico, seja ele público ou privado, se faz necessário para a salvaguarda do patrimônio histórico e cultural da humanidade.

Estou como incentivador da arte/patrono do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM), e temos discutido iniciativas a fim de democratizar a arte. Fechamos recentemente uma parceria com o Instituto Oswaldo Ribeiro de Mendonça (IORM), para levar as iniciativas do MAM para as localidades onde o IORM atua.

Recentemente, recebemos com alegria o desafio proposto pela Josimara Ribeiro de Mendonça, de apoiar uma iniciativa de levar conectividade para 266 crianças da região que não tinham acesso à internet para suas atividades curriculares e extracurriculares. Ativamos o nosso networking e conseguimos, com o Banco Itaú, 266 máquinas (CPU + mouse + teclado), faltando apenas monitores, pacote office e internet, ainda em busca de parceiros. O projeto ficou ainda maior e gostaríamos de nos colocar à disposição para quem queira apoiar de alguma forma, principalmente os provedores de internet da região.

Apesar de não estar em Guaíra, a cidade se orgulha daqueles que crescem e levam o seu nome para fora. Como é ser guairense e estar crescendo de um modo exponencial em um ramo tão diferenciado?

Tenho muito orgulho de minhas raízes e mais ainda de ter conseguido atuar em áreas tão distantes da realidade do interior paulista; e, hoje, poder atuar para transformar essa realidade.

 

FAARO gere coleção de Anita Malfatti e de Di Cavalcanti e incentiva arte nacional

 Tela Marina Montini de Di Cavalcanti  

Uma das coleções que está no processo de catalogação da FAARO é o conjunto de dez obras atribuídas a Anita Malfatti (1889-1964), como “As Quatro Estações” (1952), conjunto dos quadros “Primavera”, “Verão”, “Outono” e “Inverno”, em poder de um colecionador. Após o estudo de validação de originalidade e busca do histórico das telas, é feita a checagem de interesse com possíveis compradores e uma recomendação quanto à venda. “Nesse caso, sugerimos montarmos uma mostra virtual com o acervo de memória sobre a vida da pintora, com fotos pessoais, desenhos e depoimento de amigos que conseguimos levantar, pois é um material riquíssimo”, conta Alisson.

O óleo sobre tela Marina Montini, de Di Cavalcanti (1897-1976) é outra obra de prestígio sob assessoria da startup, que também conecta artistas proeminentes com colecionadores e pretende subsidiar uma licença para um museu sem fins lucrativos a cada cliente premium e organizar leilões para causas sociais. “Queremos agregar. Acreditamos no ‘give back’ e incentivamos a cultura nacional”, diz Mendonça.

A plataforma foi acelerada pelo Founder Institute e recebeu investimento da LAAS (Latin American Angel Society), que liderou sua rodada de captação. A empresa tem parcerias com artistas, museus, bancos, family offices e empresa de seguro. A FAARO planeja conquistar mil novos usuários com 200 mil objetos catalogados em um ano e somar R$ 10 bilhões em ativos sob gestão nesse período.


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