O talento é um dom de Deus, Boni é uma criação divina

Neste domingo, nosso entrevistado – Luiz Carlos Boni – nos dá uma aula de otimismo, de amor à vida e de muita Fé em Deus

Entrevistas
Guaíra, 21 de julho de 2019 - 08h30


Boni, ou Luizinho, como é conhecido, tem 67 anos e confessa que tem uma afinidade com a música desde o seu nascimento. Hoje, além do trompete, Luizinho toca também teclado e faz parte do Coral da Terceira Idade. Afirma categoricamente que é feliz, muito feliz. Deixa uma certeza aos amigos, reitera várias vezes que é feliz e pede que tenhamos, todos nós, crença de Deus. Atencioso, tem um sorriso fácil que somente as pessoas de bem com a vida possuem, reza, todos os dias, com muita firmeza o Salmo 23 da Bíblia. É agradecido a tudo: Ao alimento, à cama, a noite, ao dia, a vida…

 

Há quanto tempo você toca um instrumento musical?

Na verdade desde que nasci tenho esta afinidade com a música. Meu pai tinha uma orquestra, em Adamantina e  assim, desde muito pequeno ficava por ali, olhando, olhando, até que meu pai perguntou: ”Você que soprar?” eu respondi afirmativamente e ele me deu um trompete nas mãos e soprei a escala musical.

 

E aí?

Aí o trompetista da orquestra profetizou: ”Este menino vai dar um bom trompetista, um bom músico!”

 

Nesta época você tinha quantos anos?

Eu era novinho, deveria ter de cinco para seis anos.

 

Desta data até hoje você foi se aperfeiçoando, só de ouvido?

Isso mesmo, só de ouvido.

 

Como você sobrevive financeiramente?

Sou aposentado por invalidez! Mas, voluntariamente toco nos casamentos, festas, onde me chamam para tocar, eu vou! Recentemente fui tocar em Monte Azul Paulista. Eu e um guitarrista de lá. Fomos tocar para uma garota, deficiente, que precisava de levantar uma quantia em dinheiro para fazer uma cirurgia no quadril e eu fui de bom grado.

 

Como foi a sua infância?

Foi uma infância boa em Adamantina. Eu vim para cá porque os médicos que me atendiam lá, aconselharam que eu viesse para o Estado de São Paulo, para Campinas, para ser tratado com o Dr. Penido. Mas, nada puderam fazer porque foi constatado que eu perdi a visão com quarenta dias de vida. Isto foi causado por uma meningite que deixou esta sequela muito grave porque também sou epilético. Tomo remédio controlado todos os dias.

 

E assim você foi crescendo?

Sim, meu pai me internou em um colégio, em São Paulo, no Ipiranga, no ”Instituto Padre Chico” que atendia os deficientes visuais. Assim que cheguei neste colégio já entrei para a Banda de música, como mascote. Comecei a tocar diariamente. O maestro desta banda me perguntou: ”Qual a sua música predileta?” Então eu toquei os primeiros acordes da música ”Cidade Maravilhosa”. O maestro nem me deixou terminar! Pediu para eu parar e falou: ”Já vi tudo” | ”Você já está contratado para fazer parte da banda”

 

Então…

Aí com vinte anos eu já puxava o primeiro trompete da orquestra do meu pai! A orquestra do meu pai se chamava ”Marajoara” onde eu fui o primeiro trompetista. Mas, infelizmente  meu pai faleceu e eu sendo deficiente visual, com uma responsabilidade nas minhas costas, não teve como…

 

Como veio parar em Guaíra?

Foi através da minha tia Zaira Bondezan! Ela propôs assim: ”Se eu arrumar um emprego na Banda de Música de Guaíra, você vai morar lá?” Imediatamente aceitei. Não pensei duas vezes, então vim para cá…

 

Então você veio praticamente com um emprego garantido?

Isso mesmo! Naquela época eu não estava aposentado…

 

Você é independente?

Lógico! Não resta dúvida que sou como qualquer outra pessoa. Quando é hora de tomar banho, eu vou! Não precisa ninguém me mandar! Vou lá, pego minha roupa, me troco… Agora fora de casa não tem como me locomover.

 

Guaíra te recebeu bem?

Muito bem, sou benquisto por todos desta cidade e a recíproca é verdadeira, eu também amo todo mundo. Guaíra é uma cidade acolhedora, tem um povo bom e eu gosto muito daqui.

 

Agradecimentos?

Quero fazer um agradecimento muito especial. Quando minha mãe faleceu, esta pessoa, este Anjo da Guarda, me deu o maior apoio. Ela falou: ”Boni, se eu pudesse te abrigar na minha casa, eu faria” | ”Te acolheria com muito prazer, mas acontece que sou muito ocupada” Você sabe quem é esta pessoa iluminada? Esta pessoa é a Jô Flores. Inclusive quando fiz a cirurgia da vesícula, foi ela quem cuidou de mim, fez os curativos duas vezes por dia…

 

Gostaria de deixar algo mais?

Sim, gostaria de fazer um apelo aos senhores pais que possuem filhos, que fiquem atentos quando aparecer uma febre, dor de cabeça, rigidez na nuca… Podem correr, é meningite.



OUTRAS NOTÍCIAS EM Entrevistas
Ver mais >

RECEBA A NOSSA VERSÃO DIGITAL!

As notícias e informações de Guaíra em seu e-mail
Ao se cadastrar você receberá a versão digital automaticamente