Vivemos em uma época em que a modernidade se apresenta como um espetáculo de loucura. Somos parte de um show onde a sociedade nos coloca a enfrentar dívidas que parecem impossíveis de pagar, uma corrida por produtividade que nunca acaba, e empregos cada vez mais instáveis. Tudo isso reduz nosso valor a um simples número na conta bancária.

Hoje, tomar um empréstimo é quase inevitável, mas muitas vezes, isso nos aprisiona em um ciclo de dívidas e ansiedade. Desde cedo, somos ensinados que para ter “sucesso”, devemos consumir mais, mesmo que isso signifique sacrificar a paz de espírito e o futuro. A dívida se torna uma corrente invisível que prende muitos de nós.

Além disso, vivemos em um culto à produtividade. Estamos constantemente tentando produzir mais, ser mais rápidos e eficientes, como se nossa existência só fosse validada pela quantidade de trabalho que conseguimos gerar. Isso nos leva a um cansaço constante, prejudicando nossa saúde mental e física.

Quando se trata de trabalho, a segurança está desaparecendo. Muitos de nós têm contratos temporários ou empregos que não oferecem benefícios básicos. Essas condições criam um ambiente de constante incerteza, onde a gig economy — ou economia dos bicos — nos oferece flexibilidade aparente, mas pouca estabilidade real.

Por último, o que realmente importa — nosso valor como seres humanos — está sendo reduzido à nossa capacidade de gerar lucro. Estamos sendo vistos como números em uma planilha, e não como pessoas com experiências e emoções ricas.

Para mudar esse quadro, precisamos repensar nossos valores como sociedade. Isso significa valorizar mais a empatia, o senso de comunidade e o bem-estar, ao invés de somente focar no lucro e na produtividade. Pressionar por mudanças em como trabalhamos e vivemos é essencial para criar uma sociedade mais justa e humana. Afinal, somos muito mais do que aquilo que produzimos e possuímos. Podemos e devemos escrever um final melhor para essa história.